segunda-feira, 18 de maio de 2015

Sobre a Cera

Às vezes, vocês, pessoas bonitas, são diversões. Com todo mundo que te propõem a viver, sua estadia nele é, de vez em quando, vitrine para as pessoas comuns.
- Olha lá, mãe, o manequim. 
- Pode tocar?
- Será que existe, mesmo?
Coitado dos olhos de mel, das ondas das pupilas azuis; de tão belos, nos soam irreais, colados nos outdoors da cidade.
Passamos, cruzamos e apontamos, espantados em silêncio, na adoração à vocês, superiores.
Mas quando no cotidiano, o teu sacro ainda é por demais sacro, acaba que não nos convém chegar perto demais, tamanho o medo inspirado.
Pois é, tornaram-se tobogãs, seus rostos simétricos! Parque de diversão seu belo corpo. E agora?
E agora toma-se lugar no pódio, por onde celebramos sua incontestável diferença, esta beleza incorrigível.
Fazer o quê? São as estátuas que deixamos ali, sob proteção e distância, local onde os pombos cagam, porque a natureza, esta sim, não mede diferença alguma.

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