terça-feira, 24 de novembro de 2015

A Estrela

Agora mesmo escrevo texto como forma de divulgar algo tão precioso. Enquanto eu me perguntava sobre ser bem-sucedido, me frustrava a cada resposta, pois todas elas indicavam algum caminho - coisa que rejeito. O porquê já foi dito: o fim às vezes não é tão glorioso quando alcançado, e às vezes, nem sequer atingimos o que queremos, perdendo 10, 20, 30 anos de existência!
Então deveria encontrar aquilo que independe de caminho, independe de livros, independe de qualquer coisa. Esta coisa que procuro é o que está em todo lugar que eu vou; aquilo que agarramos na pior situação; a exata coisa que não nos deixa morrer. Eu queria encontrar justamente isto, porque é nesta coisa que mora a independência total da meu corpo e da minha alma.
Acredito que eu sou o universo e a sociedade. O bem que faço a mim, é o bem que propicio ao mundo. O mal que faço em mim, é o mal que fere a sociedade. Não há como fugir disto; respiramos o mesmo ar, bebemos a mesma água e por mais nos odiemos, estaremos entrelaçados - ainda que com a raiva.
Isto não sugere dependência. Sugere conexão. Mas eu precisava fugir da dependência que cotidianamente encontramos (não me refiro somente aos recursos materiais, tal como salário. Me refiro ao inferno de adotarmos a referência sobre nossas vidas a partir do outro).
Fugindo da independência, eu seria bem sucedido. Não haveria caminho. Não haveria fim. Eu encontraria o que me faz ser até as últimas consequências.
E fiz a seguinte pergunta: o que eu não posso querer, que eu procuro, e que já está?
Depois de um bom tempo buscando a resposta, fechei os olhos. Achei. Não posso querer porque não é questão de desejar; que eu procuro é porque não encontro; já está porque não é necessário construir.
E o que eu achei? Alguma coisa que não é nominável. Achei o que me faz vivo. Achei a continuidade, achei o sopro da vida, a chama que queima dentro de mim. Achei a silenciosa coisa que permanece e que me faz permanecer dentro do universo.
Isto... bastou. Enquanto estiver próximo desta Fonte, nada mais será importante.
Agora posso dizer que sou bem-sucedido.
Depois de ter esta revelação, andei até o laboratório do meu instituto (onde no momento escrevo). No caminho, encontrei pessoas. Senti um certo medo pois tenho consciência de que, perto de pessoas, já não sou mais o mesmo. Além de que nem sempre quero falar oi, sendo este ato de simpatia forçada um tremendo peso pra mim. Entretanto, resolvi firmar meus pés na tal Fonte, e falei oi com muita sinceridade.
A sensação? A sensação de que nada, absolutamente nada, poderia me parar. Eu fiquei forte, muito forte. Forte por dentro, com uma fortaleza dentro de mim.
Agora resta uma questão: por que eu me distancio da Fonte?
Não sei. Quero cultivar minha proximidade com a fonte. Tenho plano, já já, escrevo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sobre ser Bem-Sucedido

Ultimamente tenho dito a mim mesmo que já sou bem sucedido, pois temo que esta palavra seja "uma piada, e um tanto quanto perigosa" (Raul Seixas). Pensa só: ser bem sucedido é um lugar que milhares de pessoas se matam pra alcançar. Isto implica na competitividade, que ao meu ver, é destruidora. Não consigo imaginar uma mente saudável em um meio que cobra e nos pressiona a ser melhor do que os outros. Por mais que você estude muito e se garanta neste inferno, conseguindo controlar a ansiedade, a mentalidade por trás da competividade é que é doentia.
Afinal, é você ou ele! O luxo ou a lama. Não há "que o melhor vença". O pano de fundo da competitividade no mercado se baseia em pisar nos mais fracos, e se erguer diante deles como um não sei o quê alfa.
Acho que tô exagerando. A falta de escrúpulos é o real perigo, não a competitividade. Mas me parece que o que cola de verdade, isto é, aquilo que realmente combina com a competividade é a ideia de que somos inimigos em comum. Não estou tão distante da realidade, estou?
Pelo menos é assim que eu enxergo e sempre enxerguei as competições. Chorava quando tomava gol de pênalti, chorava quando perdia em jogos de tabuleiro, me irritava quando não tirava 10. A vida é um chicote que açoita os incapazes.
Eis aí uma das moradias do medo que sinto quando ouço a palavra "bem sucedido". Temo acabar ansioso e com auto-estima baixa na busca pelo topo.
O outro medo é que temo lutar pra ser "bem sucedido" e gastar uma vida inteira pra, só no final dela, perceber que corri atrás do verdadeiro nada.
Uma prima minha um dia me falou de uma tal de "curva da felicidade": somos jovens e desejamos tudo. Lá pelos 40 ou 50 anos, descobrimos que os nossos sonhos não vão se realizar por completo. Aí cai e ficha e percebemos que não conseguimos tudo que queríamos. Bang, desilusão na certa. A curva da felicidade cai neste momento.
Quero fugir disto. Não quero descobrir que a vida já foi. E mais! E se eu chegar lá, e lá, descobrir que foi tudo uma ilusão? Quero dizer, sempre sonhei em cantar em público. No dia que isto aconteceu — mesmo que pra uma platéia pequena —, senti um vazio imenso.
"Foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto: e daí?" (Raul again).
Por isto destruí meus sonhos. Sonhos não andam, não comem, não riem. Sonhos são mentiras que, apesar de nos fazer andar, serão, inevitavelmente, o abismo onde cairemos.
Dizer isto me desperta um certo medo. Estou indo contra a forma como me ensinaram a pensar: orientado para o futuro, em busca da realização de nossos sonhos. Demolindo os sonhos, desmancho o olhar para o futuro. Só há presente.
Mas aí uma pergunta fica sem resposta: posso desejar algo?
Pois todo desejo implica em um fim. O meu grande problema é o fim. Ou o alcançamos, e vemos
que ele não é tão glorioso como parecia; ou nunca o alcançamos, gastando meia vida em busca do nada. Como escapar da armadilha de orientarmos nossa vida para um fim?
Talvez se o fim for o meio, as coisas mudam. Por exemplo, o fim de aprender. Aprender requer o aprendizado (um fim em si mesmo). Isto é diferente de aprender para ser inteligente.
Esta é uma ideia. Quero, agora, mostrar como posso sustentar a ideia de que já sou bem-sucedido.
Ora bolas, eu tenho as constelações para desvendar à noite. Tenho comida pra comer. Tenho minha mãe pra amar. Tenho família. Estou adquirindo cada vez mais segurança emocional e assumindo minha integridade. Isto tudo me basta.
Mesmo? Tempo pra repensar.

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Algumas horas se passaram desde que escrevi o último parágrafo acima. Me questionei sobre a satisfação, e fiz o seguinte jogo: perdendo tudo, absolutamente tudo, o que me garantiria a luz de estar vivo?
E percebi que a saúde é de extrema importância. Mais exatamente, é necessário que eu respire, coma, beba, delibere as substâncias não utilizadas e durma. Claro que outros ítens podem e devem ser acrescentados — como higiene, cuidado com a pele, etc —. Entretanto, meu foco é aquilo que resta diante de toda e qualquer catástrofe.
Mas não basta a saúde, pois mesmo diante de um corpo saudável, posso enlouquecer ou cair em depressão. O que falta, então?
Chamei este componente de integridade. Ou auto-comprometimento. O lance é o seguinte: ser fiel a mim mesmo. Ser o advogado de todas as partes minhas. Estar seguro comigo mesmo.
Ser bem-sucedido é isto: ter auto-comprometimento e ter saúde.
Que TODA minha vida seja orientada neste aspecto. Amém.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Astrologia

Tenho uma visão diferente sobre astrologia. Porque, em geral, ou as pessoas creem do fundo de seus corações que nasceram em tal dia e possuem de modo fixo seu signo (e lua e planetas em tais casas), sendo os chatos que apontam o dedo e ficam adivinhando o que você é (canceriano, leonino, geminiano, etc)
(Pausa: saber o que eu sou, ou saber que coisas eu sou, só eu e pessoas muito íntimas podem ter noção. Você que me conhece há dois minutos não pode ter a pachorra de dizer como sou).
Enfim. As outras pessoas são também chatas, mas desta vez porque não suportam ouvir a palavra "astrologia", porque já torcem o nariz e sempre, sempre, do alto de sua ciência "que aprova e classifica" (Raul Seixas), taxam ela de pseudociência.
Gostaria de mandar vocês dois tomarem no cu. Obrigado. Isto sintetiza meu ódio desta guerrinha de tapados.
Agora vou explicar minha opinião, que não é uma, nem outra das supracitadas.
Enxergo a astrologia como uma apanhado de mitos que circundam constelações e planetas. A constelação de Leão Maior possui um mito: é o leão de Neméia, morto por Hércules em um de seus doze trabalho. O planeta Urano é uma clara referência ao Deus Urano, que junto de Gaia, gerou os Titãs.
Se nos aproximarmos de cada mitologia e analisá-las sob aspecto de serem partes da gente, veremos como podem ser universais. É possível se enxergar através de um mito. O momento em que nos afundamos no inferno e em seguida retornamos para a atmosfera respirável é o que descreve o mito de Perséfone. Todos nós já passamos por algo duro, e após o tempo do sofrer, voltamos aliviados à rotina, mas desta vez, mais amadurecidos. Ou então o encanto que sentimos por alguém; por que não dizer que Vênus rondou nossa vida e nos influenciou com o sabor da beleza?
Enfim, entenderam meu ponto. Todos os planetas e todas as constelações, para mim, podem ser lidas segundo este aspecto humano, onde nós nos vemos ali em cima. Partindo disto, podemos inferir que há em nós todo o firmamento. Há em nós todos os mitos, heroínas e heróis. A astrologia seria, então, um caminho para se desvendar, explorar as fendas desconhecidas.
Optando esta forma de pensar, eu excluo a ideia de que nascemos em tal data e temos determinado signo solar. Você está livre pra descobrir sua personalidade de acordo com as centenas de mitos gregos que por aí existem (e porque não, também de outras culturas). Está livre pra descobrir o Capricórnio ti, e o Sagitário no teu coração.
Sim, isto é maravilhoso. Você é o que quiser, e está livre pra ser, finalmente, uma metamorfose ambulante (tô namorando o Raulzinto estes dias...).
Vou me colocar como exemplo para que a mensagem possa ser melhor apreendida.
Estes dias fui meditar. Com toda aquela coisa de sentir energias - ou simplesmente sensações, como preferir -, eu tive a ideia de liberar, em mim, o espírito de Aquário. Disse em voz alta isto. Alguns dias depois, fui ler um pouco sobre a constelação e seus mitos relacionados.
A partir destes dados, estou procurando conduzir minhas escolhas de acordo com  o que ele é. Aquário é Prometeu, que serviu à humanidade roubando o fogo do Olimpo. Isto sugere invenção e criatividade à mercê dos seres humanos (sem o fogo, a humanidade vivia no escuro, metaforicamente falando). É a transgressão, também (lembre-se que o fogo era proibido de ser dados às mulheres e aos homens. Prometeu sofreu as consequências disto). Aquário representa a necessidade de fazer pelos outros sem a necessidade de ser parabenizado pelos atos. É o oposto do rei que serve a população; Aquário é anárquico.
Então é assim que enxergo a astrologia. Um mar de possibilidades e magia, que podem provocar em nós o efeito de expandir a forma de enxergar o mundo.


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O Ruim de Escrever Para Si II

Por isso quero pensar através da ação. Li em um poema de Fernando Pessoa que pensar é um erro, e acredito demais no que disse. Pensar cada um pensa, e brigamos por isso faz séculos. Além de que a gente não entende o pensamento do outro. Sei lá, eu me conecto com os sentimentos dos outros, não com o pensamento deles.
Se tudo fosse emoção, será que o mundo não seria mais fácil? Se olhássemos através da emoção poderíamos dizer com mais firmeza o que queremos, e escutar com mais clareza o que os outros querem.
Assim, concluo que pensar é uma merda. De que adianta você pensar diferente de mim? Fico irritado demais quando ouço uma pessoa falar "cada um tem a sua opinião". Porra, então de quê adianta ter opinião? Pra gente discordar? Pra gente viver o dia a dia segurando a própria opinião tentando influenciar os outros a acreditar em você?
Fernando Pessoa diz: "Todas as nossas opiniões são dos outros". Ai, que coisa linda, gente!
Quero suspender todos os meus juízos de valor e simplesmente fazer o que meu coração manda. Isto faz muito mais sentido do que ficar debatendo coisas que não alteram nossa vida... Desculpa, filosofia, mas não tenho SACO pra ler o comentador do comentador do comentador. Essa merda não termina nunca!
Quero a prática da prática da prática. E acho que vai ser esta minha vida de agora em diante.

O Ruim de Escrever Para Si

Eu escrevo tentando não universalizar, porque fico inseguro de achar que o que penso se aplica em todas as vidas do mundo. Sim, sou muito cuidadoso com o que faço. Esta mania (ou valor) de ser exato e claro demanda paciência e estudo, coisas que... ah, tenho preguiça. Então falo de mim, de tudo que foge e não fica preso no coração. Daí eu chuto balde, porque falo o que quero sem o medo de impor aos outros o que é certo ou errado.
... O que é bom (ótimo!) e ruim (uma merda). Bom porque este é meu espacinho aconchegante pra fantasiar e imaginar e supor e explicar e solucionar o que passa pela minha vida. O ruim é estar sempre isolado nesta casinha, o que julgo como solipsista. Sabe, o mundo inteiro o caos, o machismo rolando a solta, a intolerância dos extremistas, as mortes, mortes e mortes. Daí eu fico falando de como olho para as coisas e como sofro com elas (e claro, de como soluciono os problemas que sofro, o que causa alívio e felicidade. Digo isto pra não parecer que eu sou o coitadinho incompreendido). Não parece egoísta demais? Pra mim, me parece.
E por que não opino sobre estas coisas do mundo? É que é como olhar para um mar de verdades, e sempre estar preso no fato de que elas são relativas demais, e ficar ali é ignorar a verdade daqui.
Hoje conversei com minha mãe, e vejo como somos parecidos. Ela me disse que sempre fica nesta "eu entendo você, mas entendo ele, mas me entendo, então, ai meu Deus, quem tá certo", e aí, não age! Eu sou igual. Porra, entendendo todo mundo, tô sempre aberto pra entender o outro. Entendo governo, entendo povo, entendo conservador, entendo revolucionário, entendo todo mundo.
Por isto tenho muito dificuldade em lidar com quem diz que "é assim é pronto" Não necessariamente isto precisa ser levado pro lado do discurso político/religioso. Tô falando do cotidiano. Tenho um amigo que diz de forma muito concisa o que tá certo e o que tá errado. Sinto muito medo perto dele. Sei lá, acho que ele vai berrar comigo, me bater, me xingar. É meio paranoico, até.
(Tenho percebido uma coisa mim: de repente me pego pensando em alguém que vai me matar. Ou então, penso em alguém próximo de mim que de repente vai berrar comigo, reclamando de algo que eu fiz ou deixei de fazer).
Isto é de uma fragilidade emocional enorme, penso eu. Incapacidade de me defender, de afirmar o que quero.
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Não é a primeira vez que questiono a minha dificuldade de dar opiniões, já que creio em todas elas.
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E isto também pode ser bom! Significa que sou muito adaptável. Barganho com qualquer um, porque não necessito de muito. E o que necessito, posso ceder com o outro ou outra.
(Pausa).
Parece que não cobro nada de ninguém. Isto tudo torna as coisas muito simples. Se não cobro muito, aceito demais as coisas. Aí convivo bem com quem está em minha volta.
Se bem que... não sou tão grato assim com as coisas. Tem gente do cotidiano que eu não suporto. Ih, eu me contradisse. Sorry, leitor.
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Quero gente pra compartilhar. Tá chato escrever pra ninguémm

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Magia, Ciência e Leões

Sabe uma coisa que eu amo? Magia. Esta purpurina sobre a realidade, cor roxa sobre o asfalto, vermelho de nebulosa sobre os quadros velhos e mal pintados do cotidiano. Me encanto fácil com a magia, pois é nela que me refugio distante da rigorosidade cotidiana.
Tudo é tão rigoroso... A fala deve ser rigorosa, as palavras devem ter sentido e suas conclusões não podem se basear na crença. Tudo medido para que se chegue em algum lugar conforme os padrões dados. Vida como reta razão, não como círculos da imaginação.
Então me dedicarei a falar sobre coisas que eu realmente amo e que contem magia, coisa preciosa. Primeiro texto será sobre leões. Vou me aprofundar nele: aspectos mitológicos, leão na música, em quadros, em mim e na astronomia/astrologia.
Obrigado, Universo, por me deixar falar sem medo. Tenho tantos agentes na minha cabeça, que o sossego já vem tarde demais.
Tenho um guarda para cada coisa. Todos eles são pessoas de verdade, cuja imagem internalizei a partir destas pessoas do cotidiano. Tenho o guarda do engajamento político ("você DEVE se interessar por política, DEVE participar dos movimentos sociais, DEVE desconstruir o machismo, DEVE desconstruir o racismo, DEVE ser socialista, DEVE parar de ser classe média, DEVE calar a boca e lutar contra os opressores do sistema!"); tenho o guarda da ciência ("você DEVE ser ateu, você DEVE rejeitar o ocultismo, você DEVE ser hard-science, você DEVE não acreditar em espírito, você TEM-QUE, SEM OPÇÃO, REJEITAR QUALQUER COISA RELACIONADA A ALMA E ESPIRITUALIDADE"); o guarda do não-desperdice-a-vida ("você DEVE fazer alguma coisa agora, você DEVE se preocupar com o futuro, você DEVE aprender uma língua a mais"). Ok, este último já está muito mais fraco, acredite.  O que mais me pega agora são estes dois primeiros aí. Tá difíicil viver com eles gritando na minha orelha to-do-san-to-dia.
Mas vamos lá, Universo. Me deixa acreditar que você existe, por favor. Estou implorando a mim mesmo: se permita acreditar e fazer o que quiser, eu imploro! Não aguento mais viver assim, levando chicotada dos censores. Eu imploro, parem!
Bom... Eu deixei de ter o sensor do não-desperdice-a-vida com um curso que fiz, o da CNV. Ele foi realmente importante pra mim. Consegui questionar tudo de maneira natural, sem ter que buscar argumentos ou ler qualquer coisa. Provavelmente este será o caminho para deixar os outros dois guardas pra trás. Como iniciá-lo? Boa pesquisa. Vou ir atrás disto.
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Próximo (ou não) texto será sobre Leões. Ansioso!

domingo, 8 de novembro de 2015

Realizações

Este texto não tem uma mensagem final, nem levanta problemas. Pelo contrário, apenas deixa registrada as soluções que eu encontrei para alguns questionamentos. É uma pena que seja assim, tão sem graça. Mas... é realmente importante pra mim escrever estas respostas - tanto como maneira de fixá-las na minha cabeça como para finalizá-las. As questões que eu havia feito a mim são basicamente: o que fazer com minha vida agora que não tenho objetivos e a felicidade não mora no futuro, mas aqui e agora que escrevo neste momento? Pra quê viver? 
Sobre "pra quê viver" eu já tenho minha resposta. Tá lá no final deste blog, texto sobre o Tudo. Quanto o que fazer pragmaticamente, aqui estão as respostas.
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Organizando o dia, fiz uma pesquisa curta - porque não foi necessário demorá-la - sobre aquilo que convém acontecer cotidianamente na minha vida. 
O cotidiano deve ser recheado de coisas básicas e óbvias, pois a felicidade não nasce da complexidade, e nem é bastão que se apegue e diga "agora sou feliz". Não, senhor. Felicidade é a coisas simples. O prazer de ler não consiste em terminar o livro, mas é o súbito momento em que você lê algo, arregala os olhos e prende a respiração porque está excitado com a informação na tua frente. O mesmo da felicidade. Ela não está no final de algo, e nem é uma conquista, mas os curtíssimos momentos que funcionam como combustível ao nosso corpo (ou sopro para a alma, como queira). Curtíssimos mesmo. Por exemplo, a risada que você deu e durou 30 segundos, o abraço de uma eternidade mas que já foi embora assim que você se despediu.
Acho importante dizer que fico preocupado que pense que eu esteja fazendo papel do ditador da felicidade, o cara que não aguenta ver uma tristeza e já receita remédio ou faz discurso motivacional. De forma alguma sou um bobo sorridente que acorda com um pote de margarida enfiada na cara. Na realidade, meu conceito de felicidade é prático e inclui a dor, pois não creio que são coisas que se contradizem. Se felicidade for conexão, sinceridade, desafio, pausa, tudo isto abraça a dor.
Veja bem: ser feliz seria estabelecer os pressupostos que me garantissem tudo isto. Conexão para estar associado com os seres ao meu redor, causando o pertencimento e o carinho pelos entes orgânicos e inorgânicos; sinceridade para enfrentar os monstros e os conflitos mais fodidos da mente humana; desafio para não atravancar na mesmice da comodidade da inflexibilidade da falsa segurança; pausa porque respirar é preciso. E onde entrar a dor? Em tudo. Necessito me conectar com minha dor, desafiar o cotidiano e dizer o que dói, ter coragem pra enfrentar minhas dores e pausa para senti-la com cuidado e carinho. 
Ser feliz, então, é permitir os pressupostos para que eu possa me realizar com tudo isto que acabei de falar. E creio ter encontrado o tal do obvio e básico <Santo Deus, como amo princípios, princípios e princípios! >
Vamos lá: saúde foi a primeira coisa, porque amo ter fôlego pra fazer sexo, e porque gosto da ideia de pureza corporal. Assim, escolhi pequenos hábitos que atendessem esta necessidade - ser saudável -, como beber água de manhã e me alongar durante o dia. Mas vou não vou me forçar a fazer coisas extravagantes como correr e fazer exercícios. Minhas experiências passadas com o comprometimento associado à pressão não deram certas Que tudo flua naturalmente.
Ainda neste aspecto da saúde, coloquei o descanso como prioritário. Não dormir é horrível, sinceramente.
Vejo a saúde de uma forma um pouco mais amplo do que só cuidar do corpo. É da consciência corporal que estou falando, moça. Respeitar meus limites, conhecer minha dor e festejar minha aparência, porque acredito que ela é fundamental. Faço um apelo não à beleza, mas ao Belo. Sejamos Belos, vamos transmitir o frescor do Belo. Se vestir, se maquiar, pentear o cabelo, passar perfume, desodorante, tudo isto é essencial para a convivência humana. É demonstrar respeito ao outro que, pelo amor de Deus, possui nariz. É tornar o ambiente mais vivo e interessante, com as chamas de nossa natureza vivas. Fala sério, não é lindo ver gente linda e arrumada? Não é lindo ver gente que se veste da forma como quer? Não é lindo ver a diferença que as roupas nos proporcionam? 
Obviamente, existem roupas que vieram ao mercado pra que nós, consumidores burros, compremos. Mas estas daí não proporcionam a diferença. Eu tô falando da mistura e do prazer de criar. A artista cria e diz sobre ela, sobre o momento e sobre o mundo quando lança pra fora sua criação. Cuidar da aparência é isto: criação. Falar de suas origens, mostrar o que ama, dizer o que pensa. Nada disto tem a ver com botar a aparência como porta de entrada para a felicidade, ou comprar roupas caras. Quem pensar assim é porque não entendeu bulhufas do que eu disse. Então repito: crie e recrie o modo de se expressar com a realidade do cotidiano. O guarda-roupa é um modo de aliviar as coisas presas na gente. Grite!
Saúde e aparência. Grandes pressupostos para eu ser feliz (nos termos acimas apresentados).
Chega de falar disto. Vamos falar sobre o restante: tempo, espaço e auto-empatia.
Tempo pra fazer tudo. Tempo pra tudo; pra ser feliz e pra chorar. Pra conseguir o que eu desejo e pra fazer aquilo que me obrigam a fazer. Tempo pra pensar, e tempo grande pra não pensar - isto realmente ajuda na hora de tomar decisões. Tempo pra acordar e comer, tempo pra vadiar e trabalhar. Não há muito o que escrever, pois já foi dito pelos Titãs isto tudo, ó:

"Tenho tempo pra gastar 
Tenho tempo pra passar a hora 
Tenho tempo pra desperdiçar 
Tenho tempo pra jogar fora 


Tempo de sobra pra levar 
O tempo que resta pra ir embora 
Tempo de sobra pra esperar 
O tempo que resta a partir de agora 

Eu realmente não sei 
Que horas são 

Tem lugar de sobra até aonde posso ver 
Tem espaço bastante pra se perder 
Tem lugar de sobra até aonde posso enxergar 
Tem espaço bastante pra ter que parar 

Tenho o dia inteiro pra andar 
Eu quero o dia todo pra andar sem direção 
Tenho quatro paredes pra derrubar 
Eu quero quatro paredes pra pôr no chão 

Eu realmente não sei em que mês estamos 
Eu realmente não sei qual é o dia do ano 
Eu realmente não quero saber "


O tempo é importante demais, gente. Pressa não é minha praia, já viram.

Sobre o  o espaço, é o que compõe o tempo. Se desejo o meu tempo pra fazer as coisas, desejo o meu espaço pra realizá-las. Então, é necessário que ninguém fique no meu pé me julgando, para que meu coração sozinha decida os meus movimentos e rumos. Já cansei de pessoas falando como eu devo fazer isto, e ainda mais da pressão para ser uma estrela. Zoado, mas eu te explico.
Olham pra mim e dizem: puxa vida, como é jovem! Aproveite o tempo que tem, porque depois, acaba!
Creio que estas pessoas, quando dizem isto, supõem estar aconselhando, ou ensinando algo que consideram valioso. E depois complementam, descrevendo como a vida é cruel, como o mercado de trabalho é cruel, como o dinheiro é cruel, e como a vida do jovem é boa etc.
Olha, demônio. É impossível que eu fique tranquilo neste sábado sabendo que futuramente, não terei tempo pra nada. Ou eu me pressionarei pra me preparar pro mercado de trabalho (estudando bastante, indo bem na faculdade, aprendendo línguas etc), e neste caso, não serei feliz e nem tranquilo e nem calmo o suficiente pra absorver informações; ou eu não me pressionarei, e me sentirei culpado por nada fazer, já que estaria "jogando fora as oportunidades maravilhosas que a vida te dá". Cara, como me sinto mal com isto. Pressão é horrível; supõe competitividade, acumulação de conhecimento, segurança futura; e culpa é pior, porque ninguém é feliz com culpa.
Por isto preciso de espaço. Não me pressionem de nada, absolutamente nada. Se todo homem e toda mulher é uma estrela, não preciso de ninguém pra mandar eu brilhar agora. Farei isto naturalmente sem o remorso que você se sente por ter escolhido uma vida que não te agrada, e por ter tomado decisões que não te agradam.
Me deixa fazer as coisas do meu jeito, da forma como eu entendo que darão certo. Me deixa aprender da minha maneira, me deixa ler da maneira como eu quero. Me deixa planejar da forma como eu planejo, me deixa ter as ideias minhas e nem me diga como realizá-las. Se eu pedir sua opinião, ela será bem-vinda. 
Sim, eu sou responsável pela minha vida. E pra eu fazê-la acontecer, necessito respirar para expandir. Sai do meu pé, inferno de gente que vive de agenda, horário, programação e segurança. Eu sou diferente, sorry.

Quanto a auto-empatia, é o amor que eu tenho por mim mesmo. Sou tão acostumado a escutar os outros, que esqueço de mim. Aliás, todos nós esquecemos de nós mesmos. Ou agimos para o outro, ou agimos segundo algo que pensamos ser a gente, quando na realidade não é (talvez as duas coisas sejam iguais).
No momento, estou usando auto-empatia (não sei porque, não gosto desta palavra), me questionando sobre o que quero fazer como profissão e realização de sonhos. Mas já vejo onde isto vai parar: pressão. Pressão para ser e fazer o que quero. Daí, culpa, ansiedade, etc. Penso que uma melhor opção é observar valores que eu considero em minha vida, e o que melhor prover estes valores, será consequência e provavelmente, profissão. Por exemplo, eu tenho um valor que é a democracia, o que pressupõe o livre pensar. Amo a liberdade e a diversidade de opiniões.
A pergunta é: como desenvolver isto? Como saber lidar com gente que pensa o oposto de mim? Isto é essencial em minha vida.
Tenho o prazer em dizer isto: hoje escuto o discurso militarista e não fico irritado. Escuto o discurso evangelista que ou-você-é-de-Jesus-ou-ama-o-demônio e fico tranquilo. Fico calmo quando ouço alguém falar que o PT alimenta vagabundo. Estas compreensões não são só teóricas, mas abrangem algo magnífico, que é a capacidade de entender os elementos que compõem o mundo diferente do meu. Eu não digo "até entendo, mas...". Digo "entendo, e". Sou capaz de encontrar as verdades nestes discursos acima ditos. Sou capaz dizer: concordo com você.
O meu negócio é deixar de fazer os discursos, coisas excludentes. Chegar numa posição onde não é x ou y, mas z. Isto é um objetivo na minha vida.
E pensando nisto, creio chegar naturalmente onde quero. Veja só: descobri a mediação de conflitos, que trabalha exatamente com isto. E estudo filosofia, que busca analisar as coisas de maneira minuciosa e imparcial (na medida do possível).
Então pergunto: quais são meus valores? Ainda escrevo sobre isto.

Então recapitulo. A felicidade é o conjunto de condições que me permitem seguir em frente na vida. E pra eu seguir frente, necessito de saúde, descanso, tempo, espaço e auto-empatia. Fui.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

?

 Mistério, li por aí, é o infinito do desconhecimento. A impossibilidade de acumular todo o saber sobre determinado objeto. O sol, ainda que relatado, explicado e analisado sob diversos pontos de vistas, ainda será um eterno mistério, porque tudo é mistério, tudo.
Afinal, se para ti, o sol é uma bola de fogo constituída de determinada matéria, que fica em determinado lugar no espaço, e que possui determinadas propriedades x, y e z, refaço então a pergunta: se você já sabe o que é sol, questiono então o que mais ele poderia ser. Ou então, ele é o que pra quem?
E veremos desabrochar o infinito do desconhecimento. O que mais ele poderia ser? Deus, um deus, um símbolo, o coração, a Vida, o conhecimento, uma metáfora, um ícone de um sonho, um quadro, um verso, uma palavra, um nome, apelido, etc. E o sol é o que pra quem? Pra nossa mentalidade, fisicalista até a última gota, pensamos que ele é matéria. Mas e para minha irmã de 9 anos? E para mim quando tinha 5 anos? E para Van Gogh, os egípcios da Idade Antiga e mesmo para os ameríndios, em todas as suas extensões (tribos)?
Miséria, porca miséria, senhor. Olhamos para as coisas e teimamos em perguntar o que elas são, crendo haver nas próprias coisas, a resposta separada de nós. Hoje em dia estou reconsiderando mais a ideia de olhar para elas e me perguntar: o que para mim, para os outros e para outras culturas de diferentes épocas é isto?
E aí vejo como as coisas são tantas, que parece não haver resposta que caiba nesta famigerada pergunta: o que é o sol, afinal?
Mas ainda há um outro mistério além do mistério de tudo, porque nunca saberemos de fato o que algo é. Este outro mistério é absurdo, e começa aqui, neste momento: eu tenho duas mãos, dois olhos, duas pernas, uma boca, um cabelo e um nome. Eu vivo numa coisa redonda perto de outras coisas redondas, em um espaço que não sei quando acaba. O absurdo que é isto, não posso quantificar. Por que duas mãos, dois olhos, duas pernas, um cabelo e um nome?
Que a resposta seja "evolução", "adaptação dos mais fortes": por que diabos isto existe? Por que vivemos no espaço, por que vivemos no planeta, por que há o tudo ao invés de nada? Por que e como tudo é assim? Por quê, meu Deus do céu, por quê?!
Absurdo, espanto ou angústia. Os nomes dados a este mistério com certeza variam, mas representam as mesmas sensações no corpo, que são os olhos arregalados, o aperto na barriga e a leve tontura. Aristóteles sentiu isto, aposto um abraço com você. Platão também. E sabe por que? Porque não passavam de meros mortais como todos nós.
(Detesto o endeusamento que fazem destes caras. Até parece que eles são diferentes de você ou de mim, mais superiores ou melhores. Que Aristóteles tenha escrito e impulsionado a filosofia; que tenha sido um "gênio": não passará de um mortal que chorou a morte de alguém. Um mortal que pode ter tido problemas com o vizinho, e que provavelmente falou algo que machucou alguém. Uma pessoa de sentimentos e tristezas e alegrias. E digo mais: não há nada que este cara tenha dito e que qualquer outra pessoa do mundo não possa ter chegado nas mesmas conclusões. Isto não significa desmerecer o trabalho dele, mas colocar de uma vez por todas a igualdade que esquecemos entre nós. Qualquer um é capaz de ter ideias magníficas, revolucionárias ou brilhantes. O problema é que constantemente temos medo de dizê-las, achando que somos inferiores ou indignos de contribuir para o mundo).
Mistérios. Que eles não sumam, para que a vida se mantenha distante dos fatos inexoráveis e indubitáveis. Que o sol seja mais que matéria, e que possamos sempre saber nada sobre nada, como eternos ignorantes.

Sexo, como sempre.

Sexo é divino. Faço sexo pensando em uma única coisa só: ser o maldito do flagelo que impõe ao escravo todo o prazer que ele merece. Então, neste movimento de ser o dono e origem do gozo do outro, me transformo ao mesmo tempo no servo da pessoa com quem transo. Quando chupo uma mulher, encaro suas pétalas e dobraduras como uma missão minha. A missão é ser escravo dela, fazê-la se deliciar de modo único. E de contrapartida, me coloco em posição de força e comando.
Este paradoxo - ser e não ser rei, ser e não ser servo - é mágico. E para mim, a magia não é feita de somente o fantástico, mas requer também dedicação. Por este motivo, sempre gostei de ir atrás das informações valiosas. Onde é imensamente prazeroso que posso estimular em uma mulher? Qual a força? E a suavidade? 
Uma vez roubei um livro de meu pai, cujo título é "175 Maneiras de Enlouquecer Uma Mulher Na Cama". Este livro é fantástico. Bíblia pro católico, Gita pros hindus, e "175 Maneiras de Enlouquecer Uma Mulher na Cama" para mim, escravo do prazer alheio. 
Claro; não leio e pratico sem questionar. Não sou tolo a ponto de ler minha bíblia de forma literal (cof cof) e sair por aí aplicando a sagrada escritura. Sou cauteloso e cuidadoso.
E o que aprendi lendo este livro? Muita coisa. A priorizar as preliminares, a ter calma, a estimular o pescoço, os seios, o clitóris. Gosto de ter o controle total do corpo do outro, assim, posso realmente dar prazer, ter os movimentos mais precisos, criar os jogos e as regras. 
É deste modo que me torno insaciável com a vontade de dar mais e mais prazer. Inclusive tenho muito vontade de aprender a fazer massagem (de forma profissional, nada ralé). Imagina só, que delícia: ela se deita, eu acendo velas e um incenso. Passo óleo sobre suas costas. Em seguida, trato de ser perfeito com o movimento das mãos. Fazer ela relaxar e tirar todas as tensões. E parte por parte, avanço em seu corpo, até que ela fique perdida de tesão e nunca mais esqueça aquela noite.
Não sei se perceberam, mas sou exigente comigo mesmo na cama. Me esforço muito pra dar prazer a elas. Demais. Mas vale a pena, porque o tesão dela, no final das contas, é o meu tesão.