terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Desejos

Fui viajar pra uma cidade do interior e fiquei com minha família num hotel fazenda. Tirolesa, arvorismo, cachoeiras, gente falando "porrta" etc.
Senti aquela coisa de sempre, Uma dor absurda no peito. Parece facada... ou melhor: uma gota pesada que se segura no corpo e não cai. Fica lá, se enchendo, engradecendo, doendo. Conforme se expande, o humor fica azul, as bordas da visão ficam azuis. Tudo fica triste, pesado, solitário.
Solitário... Ontem, enquanto pensava sobre tudo que está em meu alance, concluí que não tenho lar. Casa, sim. Família, sim. Mas lar... não. O lugar tranquilo pra se acalmar não existe. A cabeça do urubu é um inferno.
Uma vez li (e ri) que onde o Mr. Catra toca, vira filho. Onde eu toco, vira conflito. Tudo é margem pra conflito. Impossível aceitar calmamente "as coisas como elas são".
É a solidão que não aguento mais, esta falta de lar, falta de descanso. Sentia estas coisas lá no hotel fazenda, com o mal de não chorar, porque não dá vontade de chorar. Dá vontade de... me matar, porque não parece haver solução...
... embora eu sei qual é. São várias, na realidade. O Tempo, tempo rei, é um deles. Dar tempo ao tempo, ser menos ansioso, perceber que a dor passa e o meu futuro, grandioso e esperado futuro, virá. Bastá eu trabalhar com calma e afinco para que eu realize meus objetivos. Outra solução é o pensar positivo (pasmem!).
Claro que sempre fui o cara que odeia auto-ajuda, odeia as frases de efeito e os discursos motivacionais. Até o dia (lá no hotel fazenda) que eu estourei os limites. No me soporto más. El pesimismo me mata.
Chegou uma hora que o glamour de ser irônico e ver o lado desgraçado das coisas perdeu a graça... Nunca ver o lado positivo das coisas me fez tão bem, acredite. E aprendi algo tão interessante: quanto maior a tragédia, mais espiritual será o "lado bom". Espiritual; uso esta palavra porque o que é retirado de forma positiva é tão grandioso e sábio, que me parece algo espiritual. Não tô afim de citar o que é trágico pra dar exemplos desta espiritualidade. Por favor, faça isto você.
A cabeça fica mais calma quando olho pro lado bom, Isto é de grande ajuda quando esto dentro de mais um conflito.
Outra "solução" é a diversão e sinceridade. A primeira porque eu realmente necessito e de maneira urgente e pra ontem, rir. Rir, por favor militância, me deixa rir. Tá tudo muito azedo pra eu me policiar mais ainda do que o normal. Já a sinceridade... ela vem da aceitação.
Sendo sincero... eu quero fugir da política. Me deixa em paz, movimentos sociais. Eu não aguento mais tanta gente berrando. tanta mordacidade, tanto palavrão, tanto ódio. Por favor, me deixem de fora desta. Comunicação Não-Violenta... até com você eu tenho conflitos. Vou me afastar de você, ok? E há as pessoas que eu admiro - na realidade, eu sinto ódio por tudo que fazem.
Isto demanda mais explicações... entretanto, quero resumir. Há pessoas que agem de determinada maneira. Eu acho lindo e penso que este é o ideal. Eu, não sendo o ideal, ou odeio eles (a tal da inveja) ou me odeio (a tal da auto-estima baixa/auto-destruição).
Por favor, saiam da minha vida, saiam todos.
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Tá, pausa, porque uma coisa maluca aconteceu agora mesmo. De repente me levantei pra pegar comida, fazer meu prato. Daí comecei a pensar sobre as coisas que acabei de escrever e subiu em mim uma raiva e uma tristeza muito grande pelas coisas acima citadas (solidão, raiva de muita gente, conflitos com a Comunicação Não-Violenta, militância).
E veio com tanta intensidade, que passou todo o sentimento de tristeza e incompatibilidade. Vomitei emocionalmente a dor, e ela passou. Assim mesmo, num passe de mágica. Daí, passei a gostar da CNV, da militância e das pessoas que eu odiara.
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Como um corpo podem funcionar desta maneira?
Isto me lembra uma vez que eu tava com meu amigo, em uma casa lá do interior. Conversávamos, mas eu não me sentia nem um pouco bem. A culpa corroía meu estômago (havia beijado outra pessoa enquanto me relacionava monogamicamente com outra). Então eu parei, segurei a cabeça pra dentro do corpo e fechei os olhos. Sentia muita culpa, era horrível, queria me jogar de um princípio. Ela esmagava os ossos de tanta dor. Jesus, foi horrível.
E então... passou! Assim mesmo, em questão de segundos. Meu amigo olhou pra mim: "Passou? Como assim?". Não pude responder. Foi isso, passou a culpa, eu estava bem.
Mais ou menos isto que aconteceu agora.
Eu sei que a culpa passa quando a gente aceita o outro lado nosso. Provavelmente foi isto que aconteceu agora: aceitei magicamente muita coisa em mim. Bizarro.
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O texto falava sobre as soluções para o sofrimento. Acabei de entender outra importantíssima: expressão artística.
Segredo: adoro fazer coreografias no banheiro. Fico inventando um monte. Em cima de músicas do Michael Jackson, do Avenged Sevenfold, Ritmo Ragatanga, etc. Me sinto tão bem depois de ficar quase duas horas dançando loucamente...
E por que o texto se chama "desejos"?
Oras, porque é bom desejar coisas, não? Todo mundo faz isto. Esta frase não é um bom argumento, mas mostra como há em nós a vontade de que coisas boas aconteçam. Sendo assim, fiz uma brincadeira comigo mesmo.
Imaginei que encontrei uma lâmpada mágica. A esfreguei, e de lá, surgiu um gênio. Três pedidos, etc.
Aqui está a graça do negócio: deve-se responder o que quer, entretanto, não busque a coisa em si, mas a coisa mais ampla por trás dela. E também diga o seu desejo de maneira prática.
"Quero paz mundial", isto é pouco prático. Seja prático e mais específico.
"Quero que as pessoas tolerem umas as outras". Pouco claro.
"Quero que todos tenham o direito de fazer o que querem". Pouco claro, ser!
"Desejo eu mesmo aprender a conviver com as diferenças e buscar modos de abrir canais de comunicação entre as pessoas, com o auxílio da filosofia/biologia/sociologia/arte/sei lá o que". Aí sim! Este é o ponto. Tem que ser claro, específico e prático.
Os meus três desejos foram estes:
1 - Amar eroticamente muita gente, beijar demais, fazer sexo toda hora, recitar poesias românticas, me apaixonar. Fazer carinho demais.
2 - Me expressar com a dança e a música. Tô louco pra aprender dança do ventre. E aprender a dançar rockabilly direito. Fazer música, me apresentar em palcos, ficar nu enquanto canto e me lambuzo com a lua. Eita.
3 - Tranquilidade, tempo e amizade. Sei que parecem coisas diferentes, mas tá tudo junto. Tranquilidade pra tomar decisões, tempo pra fazer o que quero com tranquilidade, e amigos pra ficar tranquilo. Também tempo pra ficar com meus amigos, e amigos para ajudar a tomar decisões.
2016 e hoje seja com mais estas coisas que... me fazem querer viver.
Tchau.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Σιγά σιγά (sigá sigá).

Meu nome é Cláudio. Trabalho nesta empresa há 23 anos, e desisti da vida solar. O sol, seja Hélio ou nitrogênio, seja magnífico ou apenas mais uma estrela fria dentro de outras coisas frias no universo, estourou as bolhas de minha paciência. Por este claríssimo e simples motivo, abandonei minha vida amarela em face deste gigante ardente.
A empresa se chama Persona, e seu negócio são os cosméticos, os quais se responsabilizam a enfeitiçar olhares desta minha gente. Tal feitiçaria é às vezes um mistério, porquanto não se sabe o motivo do maquilamento, se é para arredondar, purificar e expressar a lágrima, ou se gira em torno de esconder a própria vacuidade.
Infelizmente, o segundo motivo é mais presente nas esteiras do cotidiano. Por isso, abandonando a vida solar e como contravenção, decidi descer enquanto os outros sobem, para ir em direção à tranquilidade.
Repito: desisti da vida solar. Queimaduras na pele, irritações constantes, palavras e passarinhos. Quero matar os passarinhos, calar as vozes, deslizar nos braços de algum amor quieto. Não posso beliscar paixão alguma se minha cabeça não estiver dedilhando o silêncio.
Instrumento querido, fala sem abrir a boca, canta sem mover os lábios. E vamos convivendo assim, eu, ele, e a lua.
O sol, pelo contrário, me empurra. "Anda, troça! Vai, que o tempo, enquanto o digo, já foi. E irá minguar-se a cada palavra nova! Labuta, ser!". Ah... A situação é simples. Pessoas querem ir para cima, sardinhas para o meio, e o sol, alimentar o câncer em mim.
Agora olha a lua... Olha o silêncio... Olha, olha a calma. Observa as águas do Pacífico. A lua nada quer, e nada pode querer, onde jaz aqui sua preciosidade: mover-se pelo vento. Não irradia por si só, como o sol, este senhor intrometido, Vossa Excelência do pé de ouro, que fede à altivez. A água é cheia por si só; o sol, cheio de si. São contrariedades tais que encantam a lentidão de quem não quer ser empurrado, nem quer brilhar, nem correr. Sigá sigá, pouco a pouco, lentidão que esqueci, ao obcecar-me pelo brilho do rei. Hoje, vejo que isto é balela: quem se encanta com o brilho dos outros, esqueceu do seu.
Pois então, resplandeço sim, só que no tempo que o tempo tem. E qual o tempo que o tempo tem? Ora, o tempo tem o tempo que o tempo tem! Tempo para dar e vender. Tempo que faz germinar. Já diria algum sábio: não berre com a planta, ela não te obedece.
E assim desfaço as queimaduras, aguardando no choro e na alegria, tudo que a lua e a água me oferecem: descanso para o choro e, finalmente, descanso para a alegria.


sábado, 19 de dezembro de 2015

Suicídio!

Não escreveria aqui caso, mais uma vez - e agora acho que isto ocorrerá pra sempre - não tivesse retornado pra moradia da auto-destruição, o pedaço de caos e contravenção residente em mim. Não posso desvencilhar-me da grandíssima maldade que existe no ser humano. Coloco no ser humano a maldade porque tenho dificuldade em crer que somente em mim, somente eu sou o porta-voz da truculência. Ou sou lúcido demais, e os outros não, ou realmente preciso me matar, porque coisa assim não se cura.
O mal... não atribuo casos de maldade. Não posso exemplificá-lo, visto uma certa relatividade presente nos valores. Matar é bom e é mau, roubar é bom e é mau, por aí vai. Mas posso investigar propriedades e mesmo sua definição, ainda que rasa em certo sentido. O defino como “aquilo que escondemos em função de ser o ideal”. Observe como isto é, de novo, relativo. O Mal aqui é matar, caso se preze a sobrevivência humana. É o machismo, pra quem cansou do patriarcado. E é simplesmente a vadiagem pra quem se compromete a estudar. O mal nos acompanha porque sempre iremos findar algo; enquanto findarmos esta coisa - que está acompanhada de um estilo/conduta de vida, haverá seu contrário diabólico. 
E uma propriedade do mal? Bom, em mim, é a destruição. Somente isto. Destruímos a égide da virtude quando a corrompemos, e logo nos vemos à beira do suicídio - especialmente quando não há saída. 
O suicídio, afinal, me parece isto: uma aporia. Aporia vem do grego  
απορία, que é, basicamente, beco sem saída. O caminho é o erro, a respiração é o erro, o andar é o erro, estar parado é o erro. Exaustos, exauridos, decidimos nos matar porquanto é esta a única solução. 
Assim, assimilo que caos/mal e suicídio estão de mãos dadas. A cobrança para nos aceitarmos gera o intenso sofrimento de tudo, qualquer tempo e espaço, de estarmos cercado de falhas, feiuras, fracassos. O contrário do ideal é o diabo, e o intenso contato diário com ele dá consequência ao obvio, que é pular da janela.
 Por isso se aceitar é a única saída para o mal, já que vivendo o bem e o mal - aquilo que achamos mais ético e não somos junto daquilo que egoisticamente desejamos ser, respectivamente - paradoxalmente anularemos os dois. Bem vindo ao mundo da contradição, ao mundo das possibilidades. Em excesso, tornar-se o moralmente/eticamente correto faz com que fomentemos a luz, e quanto maior a luz, maior a sombra. O diabo grita com a atenção à deus. E apaixonar-se pelo diabo faz deus sofrer. Enquanto bem e mal brigarem, pra sempre existirão. A solução é dissolvê-los na complexidade paradoxal, que só ocorre com a auto-aceitação.
Vou explicar melhor este último parágrafo. Vejo uma intensa busca do ser humano no campo da ética que se dá no ajustar-se ao que considera eticamente desejável. Caminhamos em busca desta realização, que age como um crivo tanto em nós como nos outros, afinal, aquele que não corresponde ao seu ideal ético (o desejar ser), é visto com desprezo. Racismo é intolerável. O sujeito racista é então, também intolerável. Para com nós, o mecanismo funciona de maneira idêntica: enquanto não pudermos ser o que consideramos ético, nos boicotaremos. Falo de tudo, não sou diletante. O machismo te empurra pra diversas direções, e enquanto não segui-las, haverá culpa e auto-destruição. Nesta briga intensa entre ser o que não é - e supostamente deveria - separo as forças que a compõe. Deus é o ideal, o diabo, seu contrário. Assim, mediados pelo exercício da punição e da sanção, todo nós nos esforçamos a ser deus. A estudar, a ser santa, a ser produtivo, a ser resguardada, a cuidar da casa e ter um carro rico. O diabo onde está? Na vadiagem, na concupiscência, no ócio, na expressão, na trabalho fora de casa e no carro feio, tudo isto respectivamente. 
Tanto faz se deus ou diabo é bom ou mau; refiro-me ao ideal e ao não ideal. 
Bom, o componente do suicídio entra em cena quando estamos em um beco sem saída, sendo vigiados por deus e sua patrulha angelical. A pressão social é tamanha, a pressão interna é gigantesca, tudo berra e pune. Quando não há mais movimento possível, o suicídio é o que resta. E para fugir deste labirinto, creio na dissolução do bem e do mal como saída. Aceitar-nos inteiramente, de forma não unilateral e completa. 
Enquanto deus e diabo brigarem, pra sempre existirão. Só na transformação destas duas coisas e uma só é que dissolverá o conflito. E creio, estaremos livres do suicídio.
Agora, e pra nos aceitarmos? Infelizmente não acredito que minha resposta possa ser a sua. Mas posso tentar supor algo. 
Deus e diabo brigam; aceitando a existência e razão de ser dos dois, o conflito some. Somente investigando profundamente - e deixando ser - os dois, é que os ânimos dentro da mente se acalmarão. Ninguém, quando calado, se silencia. As vozes em nossa mente e suas reivindicações também não. Portanto, administrar a devida carência dos nossos “objetivos éticos” faz com que elas fiquem mais em paz, seguras de que recebem a atenção necessária. Me parece assim, um jogo de força, e a vitória de um, é a derrota da outro. Se você usou o final de semana pra estudar, atingiu o tal do objetivo ético. Mas se todos os dias e a contra-gosto o fizer, alguém vai berrar nesta história. Deixando de escutar os gritos de atenção, teremos o que basicamente existe hoje: gente de 18, 19, 20 anos tomando remédio contra ansiedade, depressão e o que mais o corpo chorar. 
Não fujo da regra; tenho seis vozes dentro de mim. Cada uma aspira a algo: usar a ciência como explicação de tudo, “ser homem”, participar de movimentos sociais, ser caloroso e ultra-feliz, não ser egoísta, ter modos requintados e diferentes da turba. E pra cada uma destas vozes, há uma antítese. O lado da ciência briga com o lado da fé; o feminismo briga com o “ser homem”; os movimentos sociais brigam com minha vontade de não sair de casa (também com o BDSM e os momentos onde escapa uma risada minha sobre uma piada de cunho heteronormativo); o ser caloroso reclama do meu pessimismo, introversão e misantropia; o não ser egoísta reclama da minha vontade de chamar atenção, ser especial pra alguém e pra mim. 
Podem observar a briga na minha cabeça. Quem vence? Deus, o ideal. E assim, cansado de brigar com ele, admitindo minha derrota e o fato de eu estar sempre errado, admiro o suicídio como saída. Mais: não é à toa que gosto da figura do diabo. É porque detesto deus dentro de mim.
Tomei algumas decisões na minha vida, e uma delas é contemplar o Tempo, com letra maiúscula e de grande significado: deixar as coisas acontecerem, deixar que o coração fale mais alto do que o normal, assim como aceitar as contradições. Amo filosofia, e amo astrologia  Penso que nenhuma deidade existe, mas faço magia. Enfim.
Este é o caminho da auto-aceitação, penso eu. Um eterno olhar para tudo que existe, e dialogar com todas as partes que brigam entre si. O machismo em mim, e o pró-feminismo em mim. A ciência e a fé. A misantropia e a filantropia. Deixar sentir...
Bom, espero que alguém leia este texto, e dele surjam bons sentimentos, boas ideias, mais alívio e tranquilidade. Suicídio é... é algo que fujo e amo. Enquanto puder explicar racionalmente tudo que vivo, e pessoas entenderem e se aproveitarem da melhor forma meus escritos e pensamentos, me sentirei feliz. Afinal, me vejo útil desta maneira: expressando-me num foro mais psicológico/filosófico, ainda que dialogando com o cultural. Exercito minha excelência assim: prestando esclarecimento a certa vivências que em geral não são postas em termos filosóficos (em busca da essência das coisas). 
É isto.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Medo... E sol.

Tenho medo de dormir sozinho... Não gosto do escuro, e nem de não ser abraçado. Odeio a solidão...
Estar sozinho é uma de-lí-cia, mas a solidão... não tenho nem vontade de chorar, os olhos somem. Fico de frente aos monstros que, por mais que eu os odeie e tente me impor, me atacam de repente, com o mesmo olhar maníaco, Frenéticos. Impacientes.
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Sol! Ilumina logo de uma vez o sono das feras aqui de dentro. Entra sem pedir licença, e invade a sala, o sofá, a mesa, o tapete, o café, meu coração. Tempo! Deixa eu abrir a janela e ver a neve derreter, virando lágrimas de um novo tempo tão aguardado!
Espaço, expira! Expira e alarga, para os lados, para os cantos, para cima e para dentro. Enche e esvazia as coisas! 
Deus, exista, e manda pro lado de cá os sonhos, os gnomos, as ondinas, as fadas e tudo que o lado de lá detesta! Enche os cômodos de alma, me faz ser alma. Deixai de lado a pele serpentina, já carcomida e mal passada. 
Liberta o sonho, liberta o sentimento, liberta as emoções, liberta a magia, liberta o ocultismo, liberta a contradição, liberta de mundo os mundos fechados.
Sol! Clarifica os olhos castanhos já não mais vermelhos de irritação! Me dá o sorriso, me dá o ânimo, me dá a o belo! Enche a casa de beleza, faz de mim alguém que possa ver o que é bom. Me faz dançar, me faz leonino! Que eu ruja alto, e grite pra fora, porque só assim que se vive.

SOFRÊNCIA (Ou "Oh, Mundo cruel").

TÁ. VOLTEI. ALUCINADO, ENÉRGICO E SOFRENDO.
Vou derramar minha lágrimas: ai meu Deus, você, que é tãaaaao, assim... sexy e bela, com cabelões que sonho em vê-los esparramados pelo colchão, e eu conversando e pensando em como você diabos poderia por um instantinho, só rapidinho - "pera aew condutor, para que eu quero descer rapidão" - me beijar desgraçadamente e me apertar e eu ser uma flor-tubarão, enrascando minhas pernas em volta de seu corpo AHHHHHHHHHHHHH, FUCKING DELICIOUS. Aí eu mordo seus lábios, lambo seus peitos feito selvagem - bah, que doçura o quê. Estes poetas estão malucos dizendo coisas como "gosto de manga"; "gosto doce". Meu filho, seus peitos têm gosto de PELE, tem gosto de PEITO, tem gosto de AROMA DE BABA. E assim, deste jeito, eu enfiaria a língua no teu clitóris, encharcando a boca na tua boceta molhada, raspando o pelo nos meus lábios. Aí eu agarraria seus ombros, apertaria o corpo, te envolveria por completo e meteria com força raiva força e raiva força raiva e força. Nossa, daria TUDO pra ver seu cabelo descabelado, seu rosto cheio de prazer e a boca aberta de tanto grito. Imagina só, dentro da sua boceta um mar de prazeres. EU. QUERO. FODER.VOCÊ. Claro, agora? NÃO? Jesus, eu sou um péssimo comunicador, então.
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EU QUERO CHORAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAR. Eu quero atenção, só um pouquinho de carinho no corpo pra poder passear num campo florido com vocêeeee. E cantar assim "iiiiileeelaiêeee". Cacete, vamos nos ver, se abraçar, FALA COMIGO, DEIXA EU TE DAR UMA FLOR - eu sei que você não gosta porque é forte, independente e rejeita coisas, ui, macias - MAS DEIXA POR FAVOR EU DEMONSTRAR MEU AMOR COM UMA FLORR. Eu disse FLOR, e não uma FUCKING SEMENTE.
Me dá atenção, por favorrr, diz que me ama e que quer me tocar. Deixa estas chatices de lado e vamos ser felizes logo em qualquer lugar. Imagina só, a gente viajando. Minha cabeça no seu ombro, aí a sua cabeça no meu ombro. Nossa, e seus olhos verdes-castanhos meio mutantes-de-outro-planeta! Aí a gente dorme de conchinhaaaaaa, e eu digo "te amo pra cacete, vamos viver juntossssss". Eu disse "TE AMO", não "Oh, que apreço sinto por belíssima pessoa. Nosso amor é Philia! Amor eterno e independente."
NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOO
Eu quero falar "TE AMO. TE A-MO. E foda-se a independência, vamos viver juntosssss".
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AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR DA MINHA VIDAAAAAAAAAA
ÉÉÉÉÉÉÉ O AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOR
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Eu quero atenção das pessoas que amo. Quero carinho. ME TOQUEM. ME ABRACEM. ME BEIJEM. E façam isto em público! Eu A-MO mostrar as relações, o amor, o carinho pra todas as pessoas. Eu quero amoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooor.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Resumo das Coisas

Oi, voltei.

A questão é a seguinte: dividi minha vida. Sistematicamente, a dividi.
Primeiro postulei a existência de algo que está em mim e que por simplesmente existir, me garante a saciedade de viver. Chamei este algo de "A Fonte", porque a imagem que vem a cabeça quando a sinto é exatamente a de uma cachoeira densa e alegre, provedora das coisas do mundo. A Fonte é a coisa que, quando me conecto, torno-me o absoluto nada - e nem é no sentido metafórico. De fato, junto da Fonte, deixo de pensar e deixo de sentir. Viro um nada, absoluto nada.
E aí, neste estado de integração (uso esta palavra porque a sensação é justamente esta. O Marcos vira o nada, e se dissolve no nada), minha personalidade some. Estou saciado e não há próximo passo.
Entretanto, não posso esquecer que sou o Marcos. Aliás, não me parece possível esquecer disto. Eu sou indivíduo, tenho preferências, gostos e um passado particular. E sendo um indivíduo que a todo momento está nesta dança cósmica, sempre me faltará algo. Haverá espaços a serem preenchidos, necessidades não atendidas e uma sede por atingir objetivos.
Nos últimos textos, declarei guerra a este sede por atingir objetivos. Mais corretamente, desisti dos sonhos. Meus argumentos foram dois:
a) Quando vivemos centrados em uma ideia de satisfação que só se realizaria futuramente, nos perdemos de nós. A alienação ocorre porque tomamos como referência de felicidade algo que não está no presente, mas no fim de uma série de atitudes. E é assim que nos fizeram: me programaram pra estudar para passar de ano. Isto ocorreu dezoito vezes (ou seja, foram dezoito anos vivendo para o futuro). Em seguida, configuram minha vida inteira para passar no vestibular. E agora aqui na faculdade, minha meta é ter um emprego. E depois é viver para casar, viver para ter uma casa, viver para ter filhos e finalmente me aposentar. E aí, aos 60 anos, serei feliz, finalmente.
Percebem o veneno desta história? Viver sempre para algo que se concretizará (possivelmente) no futuro nos torna cegos a ponto de não ver que a situação ideal, a felicidade real, advinda das coisas simples e básicas, acontece nada mais e nada menos, do que agora.
Gostaria de parecer menos piegas com esta frase. Então direi com força e desta maneira: você, que está lendo agora, e que está nesta situação de vida, já é bem-sucedido. Por favor, esqueça a venda de um futuro, pois o futuro nunca chega.
E se chegou? E se realmente você passou de ano na escola, entrou na universidade, arranjou um emprego, casou, está morando numa casa maravilhosa e está criando seus filhos; e aí, o futuro chegou?
Aí que entra meu segundo argumento (e meu maior medo, sinceramente):

b) Você vê que sua vida foi uma piada, e um tanto quanto perigosa. Inúmeros são os casos de mulheres que tiveram filhos, e o parto foi horroroso - diferente da ideia de que a felicidade logo ali surgiria. Histórias de mulheres que resolveram perder a virgindade apenas no casamento, e não viram a luz divina descer do céu. Eu, que entrei na universidade e a alegria não está estampada no meu rosto. Você, quando entrou no colegial e não viu o jardim de Éden. Meu primeiro beijo, nada supremo. Minha virgindade perdida, um misto de prazer e horror. Pois é. O futuro chega, e não há nada mais solitário do que isto. Parabéns: você conseguiu. E agora?

Quis fugir destas duas coisas. Fugir dos sonhos, abismos onde inevitavelmente cairemos caso nos guiemos em sua direção. O sonho é um oásis que não se sustenta; buraco profundo e difícil de sair. O veneno da humanidade se chama utopia.
Bom. No início do texto, disse que dividi minha vida. Primeiro falei do estado de existência onde me conecto com A Fonte. E depois, eu disse que, longe dela, me torno indivíduo, que é um mar de insatisfações. E a insatisfação advém da falta de algo, onde entra a função dos sonhos: nos indicar que em algum lugar, há a eterna satisfação.
Apresentei os dois argumentos que me fizeram declarar guerra contra os sonhos: porque vivemos somente para o futuro, perdendo o agora, e porque ele é uma grandessíssima mentira - coisa que percebemos ao o realizarmos.
A questão que restou foi a seguinte: ora bolas, se os sonhos mentem, e minha intenção é viver somente do agora, como orientar pragmaticamente minhas atitudes? Afinal, todas elas estão voltadas para algum objetivo: estudo para ir bem na prova, saio com alguém para fazer alguma coisa, durmo para acordar bem no dia seguinte; enfim. Se meu objetivo é destruir os sonhos/utopias/objetivos, como orientar minha vida do dia a dia?
Daí me veio a solução. Devo exercer cada atitude segundo um fim que é ele mesmo. Viver como um fim, e não como um meio.
Por isto dividi minha vida. Enquanto indivíduo, me oriento segundo tudo aquilo que é essencial para mim. Tudo, absolutamente TUDO, está em função destas atividades essenciais, que por si só, já bastam. O resto, eu digo: é consequência.
E como está divida minha vida enquanto indivíduo? (Credo, que frase horrorosa). Está assim:

 Júpiter, Zeus.


Acima de tudo, o que envolve tudo, é Júpiter. Penso em acrescentar outros símbolos, mas por enquanto, este está bom.
É o equilíbrio das forças dentro de mim, o órgão que regula o movimento de minhas pulsões. Feita de contrárias, estão em conflito em todo momento. Faz-se necessário, então, a correta condução das forças que se interpõem, para que não haja tirania dentro do meu corpo. Mas a justiça não se impulsiona sozinha. Há algo que me faz querer me auto-regular, e este algo é... misterioso. Por que quero viver? Não sei. Só sei que quero viver porque sinto vontade, e não haveria tal sensação sem aquilo que chamo de conexão. A vontade de viver me acomete quando as coisas fluem, o rio flui, minha energia é bem direcionada e não há obstáculos. Sinceramente, é isto que me faz querer me auto-regular: uma vontade de fluir, a tal da conexão. Já escrevi sobre isto, basta clicar aqui.
Bom. A justiça age sobre tudo em mim. O equilíbrio me mantém vivo. E o que há para ser regulado?
Terra, no zodíaco.


A saúde. É, saúde. Saúde é coisa básica, é coisa necessária, e quero viver em função do óbvio. Viver para a saúde como um fim em si mesmo.
Destaco as atividades essenciais para me manter vivo: beber água, me alimentar (direito), descansar e dormir, ir ao banheiro e me exercitar. Tá aí, só as coisas necessárias que vivo para. O resto (estar saudável, não pegar doenças, ter corpo resistente) é consequência destes itens, se levados à sério.
O símbolo que usei é a Terra, o contato com o que é natural e físico - coisas referentes à minha natureza como espécie e ser vivo.
Creio que devo acrescentar aqui aspectos naturais da minha pessoa. Sabe, biologia, fisiologia, neurociência, psiquiatria? Não posso ignorar o fato de que existe ciência, e que problemas podem ser vistos sob a luz da química.




Imagem louca que achei. 


A segunda coisa regida por Júpiter é bagunça das teias enroladas que são todos os aspectos da minha personalidade. Júpiter equaliza a saúde e toda esta coisa emaranhada. Ao lado você vê todas as facetas de minha personalidade (que estão toda hora brigando entre si!).










          Afinal, o objetivo de Júpiter pra reger todas as coisas dentro de mim é um só: a música urbana. Aqui, ó. Não vou explicar de novo.
Mas é assim: não possuo objetivos exteriores (o sonho de fazer e estar em algum lugar). Creio que o lugar e o fazer são imagens sobre aquilo que realmente quero, e na realidade, só quero uma coisa: fazer o rio fluir. Ir em direção contrário à ele gera ansiedade, raiva, pânico, depressão, frustração e tudo de pior. Fazer o rio fluir é o tal do fim em si mesmo.
Acho que concluí minha aporia, que era como conciliar uma vida sem objetivos. A resolvi assim: terei objetivos, mas não serão nada do tipo um emprego, um lugar, um alguém diferente. Meus atos terão a função de deixar o rio fluir, e tudo está neste sentido. É um objetivo diferente, pois nunca será concluído de maneira única - sempre saímos da rota dele, nos perdemos nas futilidades, na dúvida e na inexperiência. E é ótimo, porque é o caminho da própria aceitação.
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Provavelmente irei rever tudo o que falei. Não está acabada esta ideia maluca de sistematizar minha vida.
E PS: se você fez ou sabe quem fez o desenho ali de cima, me avisa.




sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A Volta Daquela Coisa Horrível

De novo bateu o medo da loucura. Tenho muito medo disto: entrar na insanidade a-filosófica, utilizando termos meus para significá-los de acordo com coisas minhas, que em suma, são incompreensíveis à sociedade.
Todas as pessoas têm um pouco de loucura, eu sei. Mas a temo de forma patológica, porquanto minha mãe, meu tio e meu pai já entraram nesta onda psico patogênica, sabe? Pra ir pra depressão, pra psicose ou bipolaridade eu estou próximo, próximo...
Este medo requer maiores aprofundações, e uma análise mais completa da coisa. Mas como o tempo é curto (o laboratório vai fechar), vou resumir a história toda.
O que ocorre é o seguinte: tenho uma capacidade de auto-questionamento imenso. Não creio que todos as pessoas sejam assim, porque a) não nos ensinam a questionar a nós mesmos, e porque b) o sofrimento é visto como algo que passa.
Do meu lado, sempre, sempre! avaliei cautelosamente aspectos meus, beirando até questões do meta-pensamento (?), i.e., e se eu penso assim porque o pensamento funciona deste modo (como quando por exemplo, suponho a noção de causalidade. Será que realmente há causa para o que sinto? E se a causa é apenas um aspecto como a consciência interpreta dois ou mais eventos?). Outras vezes, pergunto-me se penso desta maneira por conta da linguagem - o diálogo interno é feito de uma ou duas pessoas? Você, quando fala sozinho, está se dirigindo a alguém; mas e se este alguém é você, são duas ou uma pessoa no total?
Além do mais, me esforço para ir até os confins: o quanto de mim é a sociedade, o quanto de mim sou eu mesmo? Faço filosofia porque minha mãe, meu tio e os livros que li falando sobre ela me atraíram a atenção, ou porque faz parte de alguma componente neuroquímico em mim que está obcecado em encontrar princípios e padrões nas coisas?
(Adendo: me questiono se faço filosofia também por um simples erro, que é confundir "gostar de conhecer" com "gostar do conhecimento proposto pela filosofia", de forma análoga a alguém que faz educação física porque gosta de esportes, sacou?).
E por aí vai. Não paro quieto um segundo, buscando origem de tudo. Quanto ao b) o sofrimento é visto como algo que passa, eu não lido com a dor desta maneira.
Não é algo que passa e acabou. Se alguém critica minha performance no violão e minha auto-estima cai, me aprofundo nas raízes desta dor. Será que ponho a razão para viver na música e a simples crítica já rui toda minha fé em querer viver? (porque realmente eu vivo por fé em viver. Não há motivo objetivo). Ou será que cresci em ambiente onde tudo era pessoal de mais, e portanto, nasci em uma caixa de algodões?
De conflito em conflito, minha cabeça aumenta as proporções do questionamento. Hoje, estou vivendo um drama (entre outros) que se configura como logos x mythos. Razão ou mito? Como tomar minhas atitudes? Baseadas no quê?
Como buscar a verdade de maneira desinteressada sem me basear nelas para viver? Porque se me baseio em alguma verdade, a crítica que a demole faz demolir minha crença sobre a coisa, e então, tenho dificuldades em viver (me falta a tal da fé),
Mas o texto foca no medo da loucura. Eu quis contextualizar o modo como a enxergo: me perder no meu mundo, só isto. São tantas os conflitos, tantos os questionamentos, que ás vezes me foge sabe o quê? Uma unidade, algo como um eu, um Marcos. Eu desfragmento esta coisa chamada Marcos, justamente porque me pergunto sobre tudo! O que sou eu? Existe "eu"? O que significa eu? O Marcos é a voz que fala e que escreve, o que é visto nas festas, o quê?
Eu crio personagens pra bastante coisa. Porque vejo diferentes formas de enxergar uma única coisa.
Exemplo: o acaso. Um lado diz que o acaso é um evento independente, sem qualquer fim. Este lado é a razão, que carinhosamente a apelidei de Altamiro Loremir. Seu objetivo: explicar através da razão os motivos pelos quais as coisas acontecem, diferente do Raimundo Salazar, que observa o acaso como alguma confluência magnifica do universo e do cosmo.
Por isto sou bomba e atrito. Altamiro berra com Raimundo, Raimundo sofre escondido. Em seguida, é Raimundo que berra com Altamiro, mas em desvantagem, porque para se defender, ele deve usar a razão, e nesta história toda... bom, ele se perde.
Sinceramente, sou muito Raimundo. Mas devo confessar que às vezes sinto cansaço e irritação quando leio algum texto que diz sobre "ondas eletromagnéticas e vibrações que irradiam do perispírito etc etc etc". Sabe, estas viagens? Cinestesia, radiestesia, blá blá blá.
E pouco a pouco, vou descobrindo as outras personalidades. Diferentes vozes que cobram de mim coisas que não quero fazer.
Importante: digo "vozes", mas sei que elas são ditas por mim. Os tais dos personagens não são nada mais do que meios pelos quais eu expresso meu próprio policiamento.
Enfim, são seis vozes (já contei), no total. Mas uma já foi desconstruída. Aquela que me obrigava a ler e ser inteligente praticamente ruiu.
Um dos meus objetivos é desconstruir cada uma delas, ou levar só o que há de importante em cada uma, para que eu possa entrar em contato com toda individualidade em mim. O objetivo, afinal, é sé rebelar contra o sistema.
Aí que as coisas complicam. Muito.
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Outra coisa: o medo vem, mas passa. Porque entendo que na realidade, sou é muito lúcido de tudo que ocorre comigo. Esta clareza é que é assustadora, mas não beira a loucura. Consigo conversar, entendo as convenções sociais, expresso minhas ideias tranquilamente e olha só: adoro falar besteira.
O pânico vem somente quando desafio tudo, tudo o que há de mais comum. Mas... Ney Matogrosso, ouvi dizer, também ficava com medo. E ia em frente, desafiava a forma centrada que a sociedade enxerga as coisas: um eu, um sentimento, uma forma, ou x, ou y.
Então basicamente vou falar o seguinte: um grandessíssimo foda-se pra aqueles que não me entendem. As pessoas mais próximas de mim são capazes de compreender toda a profundidade do ser humano, e enquanto eu conseguir explicar as coisas, me sentirei tranquilo. Eu apenas vejo o que as pessoas às vezes não vêem, porque se trancaram no obvio.
Respondendo a uma menina que me disse: "eu gostaria de fazer psicologia só pra entender a cabeça deste moleque". Eu sou igual, só que penso muito. E eu penso parado, com os olhos fixos no nada, o que faz parecer que é algo esquisito, mas na real, não. Você gosta de pensar fumando, escutando música ou escrevendo; eu curto fazer isto sozinho e no silêncio, andando pra lá e pra cá, concentrado em coisas minhas. Nada demais.
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Concluindo o texto, quero dizer que não, não sou louco. Sou é claro pra cacete com todas as coisas, e investigo tudo, do mais obvio ao mais bizarro  E de vez em quando chego em conclusões absurdas, mas que só quando enunciadas sem contexto soam assim (tipo dizer que eu não existo. Sim, tem como esta frase soar não-esquisita-maluca-lunática.
Que O Louco viva sua vida!


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Banho

Hoje eu tô espirrando pra cacete, meu. Saí do banho com o nariz semi-entupido, o olho semi-cerrado do tipo "fumei-um-beck" e espirrando como um sei-lá-o-quê que espirra numa quantidade de 1e/2s² (minha datação; e: espirro; s: segundo). 
Acho que sou alérgico a alguma porra que eu passo no corpo. Ou shampoo, ou condicionador, ou sabonete, ou protetor solar, ou um creme que passo na cabelo, ou um daqueles sabonetes que você passa no rosto afim de eliminar espinhas e cravos ("cravo", em espanhol é "punto negro". Daora, né?). Ou eu sou alérgico a água quente (isto existe!?). Ou a cloro.
De qualquer forma, saio do banho pesado, com a pele irritada, o nariz coçando, olhos vermelhos. 
- Foi tomar banho?
- Não! Fui me expôr a uma sessão radioativa para, em seguida, testar quanto um corpo aguenta ser esmagado por um trator. 
Parece ironia, mas a sensação que tenho é esta.
Aliás, odeio tomar banho. E não só por causa destes tormentos, mas por um monte de outros. Por exemplo: passar sabonete. Isto é simplesmente HORRÍVEL. Assim que me ensaboo (ô, verbo feio), a pele fica grudenta. GRU-DEN-TA. E é o corpo inteiro! Braços, pernas, barriga, peito, coxa e pé. E o resto também, aquelas coisas erógenas. 
Depois: a água fica caindo no meu olho. Cai, simplesmente cai. Aí tenho que ficar tirando, e o olho lá, pesando e coçando. 
Não acabou. Tem a parte de me secar. Não tenho a menor paciência pra isso. Passo a toalha no braço, ele ainda está úmido. Passo de novo, continua úmido. Passo a terceira vez, fica uma pouquinho mais seco, mas AINDA SIM, úmido. Isto no CORPO INTEIRO. Me seco irritado demais, porque não acaba. A água escorre do meu cabelo para o peito. Seco o peito. Me agacho para secar a perna: mais água do cabelo que escorre. 
"Então é só secar o cabelo!".
Claro!!!111!! Mas o cabelo NÃO. SECA. Fica uma eternidade molhado. 
E pior... Me visto, depois de tudo. A roupa fica grudando em mim. E saio do banheiro suando. Leu bem? Suando, suando, SUANDO. Ninguém merece sair do banho SUJO DE NOVO. 
Finaliza eu banho: eu espirrando, olho vermelho, pele coçando, corpo suado, um pouco de dor de cabeça, nariz quase entupido, e geralmente, FOME.
FOME, FOME, FOME. Sair do banho com fome é HORRÍVEL, especialmente quando você já comeu antes de tomar banho. 
Por isto prefiro não tomar banho. A vida é tranquila, suave e sem espirros. Nada de complicações.
Nada de fome. 
Ode aos franceses (que puta esteriótipo, meu!).