segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Resumo das Coisas

Oi, voltei.

A questão é a seguinte: dividi minha vida. Sistematicamente, a dividi.
Primeiro postulei a existência de algo que está em mim e que por simplesmente existir, me garante a saciedade de viver. Chamei este algo de "A Fonte", porque a imagem que vem a cabeça quando a sinto é exatamente a de uma cachoeira densa e alegre, provedora das coisas do mundo. A Fonte é a coisa que, quando me conecto, torno-me o absoluto nada - e nem é no sentido metafórico. De fato, junto da Fonte, deixo de pensar e deixo de sentir. Viro um nada, absoluto nada.
E aí, neste estado de integração (uso esta palavra porque a sensação é justamente esta. O Marcos vira o nada, e se dissolve no nada), minha personalidade some. Estou saciado e não há próximo passo.
Entretanto, não posso esquecer que sou o Marcos. Aliás, não me parece possível esquecer disto. Eu sou indivíduo, tenho preferências, gostos e um passado particular. E sendo um indivíduo que a todo momento está nesta dança cósmica, sempre me faltará algo. Haverá espaços a serem preenchidos, necessidades não atendidas e uma sede por atingir objetivos.
Nos últimos textos, declarei guerra a este sede por atingir objetivos. Mais corretamente, desisti dos sonhos. Meus argumentos foram dois:
a) Quando vivemos centrados em uma ideia de satisfação que só se realizaria futuramente, nos perdemos de nós. A alienação ocorre porque tomamos como referência de felicidade algo que não está no presente, mas no fim de uma série de atitudes. E é assim que nos fizeram: me programaram pra estudar para passar de ano. Isto ocorreu dezoito vezes (ou seja, foram dezoito anos vivendo para o futuro). Em seguida, configuram minha vida inteira para passar no vestibular. E agora aqui na faculdade, minha meta é ter um emprego. E depois é viver para casar, viver para ter uma casa, viver para ter filhos e finalmente me aposentar. E aí, aos 60 anos, serei feliz, finalmente.
Percebem o veneno desta história? Viver sempre para algo que se concretizará (possivelmente) no futuro nos torna cegos a ponto de não ver que a situação ideal, a felicidade real, advinda das coisas simples e básicas, acontece nada mais e nada menos, do que agora.
Gostaria de parecer menos piegas com esta frase. Então direi com força e desta maneira: você, que está lendo agora, e que está nesta situação de vida, já é bem-sucedido. Por favor, esqueça a venda de um futuro, pois o futuro nunca chega.
E se chegou? E se realmente você passou de ano na escola, entrou na universidade, arranjou um emprego, casou, está morando numa casa maravilhosa e está criando seus filhos; e aí, o futuro chegou?
Aí que entra meu segundo argumento (e meu maior medo, sinceramente):

b) Você vê que sua vida foi uma piada, e um tanto quanto perigosa. Inúmeros são os casos de mulheres que tiveram filhos, e o parto foi horroroso - diferente da ideia de que a felicidade logo ali surgiria. Histórias de mulheres que resolveram perder a virgindade apenas no casamento, e não viram a luz divina descer do céu. Eu, que entrei na universidade e a alegria não está estampada no meu rosto. Você, quando entrou no colegial e não viu o jardim de Éden. Meu primeiro beijo, nada supremo. Minha virgindade perdida, um misto de prazer e horror. Pois é. O futuro chega, e não há nada mais solitário do que isto. Parabéns: você conseguiu. E agora?

Quis fugir destas duas coisas. Fugir dos sonhos, abismos onde inevitavelmente cairemos caso nos guiemos em sua direção. O sonho é um oásis que não se sustenta; buraco profundo e difícil de sair. O veneno da humanidade se chama utopia.
Bom. No início do texto, disse que dividi minha vida. Primeiro falei do estado de existência onde me conecto com A Fonte. E depois, eu disse que, longe dela, me torno indivíduo, que é um mar de insatisfações. E a insatisfação advém da falta de algo, onde entra a função dos sonhos: nos indicar que em algum lugar, há a eterna satisfação.
Apresentei os dois argumentos que me fizeram declarar guerra contra os sonhos: porque vivemos somente para o futuro, perdendo o agora, e porque ele é uma grandessíssima mentira - coisa que percebemos ao o realizarmos.
A questão que restou foi a seguinte: ora bolas, se os sonhos mentem, e minha intenção é viver somente do agora, como orientar pragmaticamente minhas atitudes? Afinal, todas elas estão voltadas para algum objetivo: estudo para ir bem na prova, saio com alguém para fazer alguma coisa, durmo para acordar bem no dia seguinte; enfim. Se meu objetivo é destruir os sonhos/utopias/objetivos, como orientar minha vida do dia a dia?
Daí me veio a solução. Devo exercer cada atitude segundo um fim que é ele mesmo. Viver como um fim, e não como um meio.
Por isto dividi minha vida. Enquanto indivíduo, me oriento segundo tudo aquilo que é essencial para mim. Tudo, absolutamente TUDO, está em função destas atividades essenciais, que por si só, já bastam. O resto, eu digo: é consequência.
E como está divida minha vida enquanto indivíduo? (Credo, que frase horrorosa). Está assim:

 Júpiter, Zeus.


Acima de tudo, o que envolve tudo, é Júpiter. Penso em acrescentar outros símbolos, mas por enquanto, este está bom.
É o equilíbrio das forças dentro de mim, o órgão que regula o movimento de minhas pulsões. Feita de contrárias, estão em conflito em todo momento. Faz-se necessário, então, a correta condução das forças que se interpõem, para que não haja tirania dentro do meu corpo. Mas a justiça não se impulsiona sozinha. Há algo que me faz querer me auto-regular, e este algo é... misterioso. Por que quero viver? Não sei. Só sei que quero viver porque sinto vontade, e não haveria tal sensação sem aquilo que chamo de conexão. A vontade de viver me acomete quando as coisas fluem, o rio flui, minha energia é bem direcionada e não há obstáculos. Sinceramente, é isto que me faz querer me auto-regular: uma vontade de fluir, a tal da conexão. Já escrevi sobre isto, basta clicar aqui.
Bom. A justiça age sobre tudo em mim. O equilíbrio me mantém vivo. E o que há para ser regulado?
Terra, no zodíaco.


A saúde. É, saúde. Saúde é coisa básica, é coisa necessária, e quero viver em função do óbvio. Viver para a saúde como um fim em si mesmo.
Destaco as atividades essenciais para me manter vivo: beber água, me alimentar (direito), descansar e dormir, ir ao banheiro e me exercitar. Tá aí, só as coisas necessárias que vivo para. O resto (estar saudável, não pegar doenças, ter corpo resistente) é consequência destes itens, se levados à sério.
O símbolo que usei é a Terra, o contato com o que é natural e físico - coisas referentes à minha natureza como espécie e ser vivo.
Creio que devo acrescentar aqui aspectos naturais da minha pessoa. Sabe, biologia, fisiologia, neurociência, psiquiatria? Não posso ignorar o fato de que existe ciência, e que problemas podem ser vistos sob a luz da química.




Imagem louca que achei. 


A segunda coisa regida por Júpiter é bagunça das teias enroladas que são todos os aspectos da minha personalidade. Júpiter equaliza a saúde e toda esta coisa emaranhada. Ao lado você vê todas as facetas de minha personalidade (que estão toda hora brigando entre si!).










          Afinal, o objetivo de Júpiter pra reger todas as coisas dentro de mim é um só: a música urbana. Aqui, ó. Não vou explicar de novo.
Mas é assim: não possuo objetivos exteriores (o sonho de fazer e estar em algum lugar). Creio que o lugar e o fazer são imagens sobre aquilo que realmente quero, e na realidade, só quero uma coisa: fazer o rio fluir. Ir em direção contrário à ele gera ansiedade, raiva, pânico, depressão, frustração e tudo de pior. Fazer o rio fluir é o tal do fim em si mesmo.
Acho que concluí minha aporia, que era como conciliar uma vida sem objetivos. A resolvi assim: terei objetivos, mas não serão nada do tipo um emprego, um lugar, um alguém diferente. Meus atos terão a função de deixar o rio fluir, e tudo está neste sentido. É um objetivo diferente, pois nunca será concluído de maneira única - sempre saímos da rota dele, nos perdemos nas futilidades, na dúvida e na inexperiência. E é ótimo, porque é o caminho da própria aceitação.
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Provavelmente irei rever tudo o que falei. Não está acabada esta ideia maluca de sistematizar minha vida.
E PS: se você fez ou sabe quem fez o desenho ali de cima, me avisa.




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