sexta-feira, 6 de novembro de 2015

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 Mistério, li por aí, é o infinito do desconhecimento. A impossibilidade de acumular todo o saber sobre determinado objeto. O sol, ainda que relatado, explicado e analisado sob diversos pontos de vistas, ainda será um eterno mistério, porque tudo é mistério, tudo.
Afinal, se para ti, o sol é uma bola de fogo constituída de determinada matéria, que fica em determinado lugar no espaço, e que possui determinadas propriedades x, y e z, refaço então a pergunta: se você já sabe o que é sol, questiono então o que mais ele poderia ser. Ou então, ele é o que pra quem?
E veremos desabrochar o infinito do desconhecimento. O que mais ele poderia ser? Deus, um deus, um símbolo, o coração, a Vida, o conhecimento, uma metáfora, um ícone de um sonho, um quadro, um verso, uma palavra, um nome, apelido, etc. E o sol é o que pra quem? Pra nossa mentalidade, fisicalista até a última gota, pensamos que ele é matéria. Mas e para minha irmã de 9 anos? E para mim quando tinha 5 anos? E para Van Gogh, os egípcios da Idade Antiga e mesmo para os ameríndios, em todas as suas extensões (tribos)?
Miséria, porca miséria, senhor. Olhamos para as coisas e teimamos em perguntar o que elas são, crendo haver nas próprias coisas, a resposta separada de nós. Hoje em dia estou reconsiderando mais a ideia de olhar para elas e me perguntar: o que para mim, para os outros e para outras culturas de diferentes épocas é isto?
E aí vejo como as coisas são tantas, que parece não haver resposta que caiba nesta famigerada pergunta: o que é o sol, afinal?
Mas ainda há um outro mistério além do mistério de tudo, porque nunca saberemos de fato o que algo é. Este outro mistério é absurdo, e começa aqui, neste momento: eu tenho duas mãos, dois olhos, duas pernas, uma boca, um cabelo e um nome. Eu vivo numa coisa redonda perto de outras coisas redondas, em um espaço que não sei quando acaba. O absurdo que é isto, não posso quantificar. Por que duas mãos, dois olhos, duas pernas, um cabelo e um nome?
Que a resposta seja "evolução", "adaptação dos mais fortes": por que diabos isto existe? Por que vivemos no espaço, por que vivemos no planeta, por que há o tudo ao invés de nada? Por que e como tudo é assim? Por quê, meu Deus do céu, por quê?!
Absurdo, espanto ou angústia. Os nomes dados a este mistério com certeza variam, mas representam as mesmas sensações no corpo, que são os olhos arregalados, o aperto na barriga e a leve tontura. Aristóteles sentiu isto, aposto um abraço com você. Platão também. E sabe por que? Porque não passavam de meros mortais como todos nós.
(Detesto o endeusamento que fazem destes caras. Até parece que eles são diferentes de você ou de mim, mais superiores ou melhores. Que Aristóteles tenha escrito e impulsionado a filosofia; que tenha sido um "gênio": não passará de um mortal que chorou a morte de alguém. Um mortal que pode ter tido problemas com o vizinho, e que provavelmente falou algo que machucou alguém. Uma pessoa de sentimentos e tristezas e alegrias. E digo mais: não há nada que este cara tenha dito e que qualquer outra pessoa do mundo não possa ter chegado nas mesmas conclusões. Isto não significa desmerecer o trabalho dele, mas colocar de uma vez por todas a igualdade que esquecemos entre nós. Qualquer um é capaz de ter ideias magníficas, revolucionárias ou brilhantes. O problema é que constantemente temos medo de dizê-las, achando que somos inferiores ou indignos de contribuir para o mundo).
Mistérios. Que eles não sumam, para que a vida se mantenha distante dos fatos inexoráveis e indubitáveis. Que o sol seja mais que matéria, e que possamos sempre saber nada sobre nada, como eternos ignorantes.

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