Consigo empilhar as palavras que anseio como totalidade em minha vida:
alicerce, núcleo, base, estrutura, pilar, égide, viga, torre, coluna,
tríade, centro, concreto, mármore, cimento, tijolo e sustentação.
Mas eis que, no anseio de dar cabo à construção destes sinônimos,
tropecei numa pedra, no meio da caminho. Como diabos irei iniciar a
construção sem um esboço para guiar-me? Onde está a referência para a
pavimentação do caminho?
Estava ela em Cronos, meu genitor. Provim dele.
Mas conforme cresço, distancio-me deste imenso Titã. E conforme cresço e
ando, vacilo entre os pregos e martelo: onde está o esboço?
Certo
estou de que me entende, pessoa... A vida, este quadro produzido
instantaneamente, não possui borda ou rascunho. Mas como diabo o
escultor faria da pedra bruta qualquer coisa que não estivesse já
presente como ideia?
É, é isso. E estaría perdido, se não tivesse
percebido uma tremenda gafe de minha parte. O erro consistiu em fazer da
construção, um projeto que se possa adiar, atrasar ou cerrar. Claro que
não... Me tornei indivíduo assim que me percebi como um, aquela cabeça
que irrompeu no mundo e hoje tem pernas, boca e mente. E neste instante
em que respiro, já construo meu alicerce. Cada passo, mínimo que seja,
já é um tijolo a mais para a vida. Estou em constante criação,
influência e reação. Não há esboço para além de mim: me prolongo na
estrada segundo o que penso, sinto e quero. Eu sou meu próprio rascunho,
e tentativa infinita de chegar em qualquer lugar.
Acho que isso se chama, o que se pode dizer, de pedaço de maturidade!
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