quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Juventude

Consigo empilhar as palavras que anseio como totalidade em minha vida: alicerce, núcleo, base, estrutura, pilar, égide, viga, torre, coluna, tríade, centro, concreto, mármore, cimento, tijolo e sustentação.
Mas eis que, no anseio de dar cabo à construção destes sinônimos, tropecei numa pedra, no meio da caminho. Como diabos irei iniciar a construção sem um esboço para guiar-me? Onde está a referência para a pavimentação do caminho?
Estava ela em Cronos, meu genitor. Provim dele. Mas conforme cresço, distancio-me deste imenso Titã. E conforme cresço e ando, vacilo entre os pregos e martelo: onde está o esboço?
Certo estou de que me entende, pessoa... A vida, este quadro produzido instantaneamente, não possui borda ou rascunho. Mas como diabo o escultor faria da pedra bruta qualquer coisa que não estivesse já presente como ideia?
É, é isso. E estaría perdido, se não tivesse percebido uma tremenda gafe de minha parte. O erro consistiu em fazer da construção, um projeto que se possa adiar, atrasar ou cerrar. Claro que não... Me tornei indivíduo assim que me percebi como um, aquela cabeça que irrompeu no mundo e hoje tem pernas, boca e mente. E neste instante em que respiro, já construo meu alicerce. Cada passo, mínimo que seja, já é um tijolo a mais para a vida. Estou em constante criação, influência e reação. Não há esboço para além de mim: me prolongo na estrada segundo o que penso, sinto e quero. Eu sou meu próprio rascunho, e tentativa infinita de chegar em qualquer lugar.
Acho que isso se chama, o que se pode dizer, de pedaço de maturidade!

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