sábado, 14 de fevereiro de 2015

Divagações

Hora de escrever bobagem.
Porque a loucura é o Maia que possibilita todos os deleites desta vida mundana, fulgaz e tão vã.
Titãs: Às vezes qualquer um enche a cabeça de álcool/ Atrás de distração/ Nada disso às vezes diminui/ A dor e a solidão.
Somos todos pós-modernos, decaídos num relativismo absurdo, onde a morte de Deus — ou sua desfragmentação — é a posse de seus pedaços, caracterizados através de nossas próprias vivências e estudos.
Tanta pluralidade nos esmaga, afogando-nos num imenso coletivo do eu, do meu, da posse e da incerteza, porém abrindo possibilidade de desconfiguração de qualquer pré-destinação, como um cardápio numeroso. Opções em miríades.
Mas o poder da escolha esbarra na propriedade: o movimento da liberdade, diz o liberalismo, relaciona-se com a garantia da posse, tanto de nossas vidas quanto de nossas propriedades materiais, e quanto maior a dependência de nós com nós mesmos, mais aptos à exercer esta liberdade estamos, formando a tal da sociedade civil.
Aritmética simples: a propriedade garante a liberdade. Quem não tem, não é livre. E quem tem mais?
Escolhe o quiser do cardápio, risos.
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Triste este mundo plástico, tão vago e preenchido por um niilismo atormentador. Que seja abençoada sua razão, professor, que seja agraciada a possibilidade de não morrermos queimados pela Santa Inquisição e que seja vangloriado o ceticismo, este outro tribunal moderno. Mas não me diga que sua neurose é saudável, e nem que sua dissociação de um cérebro pensante é virtude para nós: tomamos os remédios, e rezamos pela organicidade dos seres.
Somos a sociedade dos excessos, da esquizofrenia e da anulação de qualquer magia, tão emocional e colorida demais para o poder do conhecimento positivista em sua última fase. Os psiquiatras clamam pela Ordem e Progresso, risos.
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Eu me enveneno todos os dias, deteriorando a areia que escorre a ampulheta de Cronos. Me enveneno de música, de livros e de vivências. Tudo que me faz vivo também me faz esquecer que vivo.
Life is pain!, grita Dr. House, um retrato da nossa contemporaneidade, a busca pelo máximo, pela autoridade, pela genialidade, a escalada até o cume de uma completude. Procuramos, procuramos, e não achamos nada.
Nestas horas eu tenho vontade de chorar. Queria só entender como o homem branco procura tanto, e não percebe que não há o que procurar.
Talvez um dia eu entenda isto, e entenda um pouco mais sobre a felicidade, a tristeza e a morte. Quem sabe eu finalmente entenda que não há o que diabos entender.

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