sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

E Por Fim, a Morte

Anúbis pesando o coração do morto
E agora o Super-Herói (ler os textos abaixo) surpreende-se com a cor e o vazio, o silêncio e a música. Depois de enfrentar a avalanche, pode enxergar o que constitui sua vida: a eterna ausência de sentido em tudo e a profunda ligação do homem com o que o torna Deus de si, que é a capacidade em trabalhar o mundo com a força do Sol. A perplexidade, epifania e sabores da existência.
Não afunilando, mas equacionando sua existência, tatuou em seu braço: ? + !. O silêncio e a música...
Sente que agora não é mais que nada, nem menos que alguém. Não era mais herói e nem super algo. Era apenas o corpo humano, seus limites e alcances.
 O que mais varreria sua concepção de ser enorme?
A morte.
Suprema parte misteriosa do curso de nossa existência. Vivemos o mito da juventude, invencibilidade da medicina, medo dela. O que seria o cemitério senão a cortina da cidade? Enterramos, escondemos e assim mantemos os falecidos, mudos para sempre.
Mas ela não penetra os caixões, não senhor: ronda o conforto das quatro paredes. Perambula calma pelos campos, carros, hospitais e pelos clubes de domingo.
Sim, sempre a nossa esquerda. Às vezes distante, às vezes querida.
Agora poderia completar a tatuagem.
Existência: ?+!+Ω.
Então se viu, finalmente, metade. Completamente a metade em busca do que lhe falta.
O que afinal nos falta? O que queremos?
Mais um mistério: descobrir por onde o vento sopra. 
Pra finalizar, Milan Kundera:
"Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo esboço não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro."

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