sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Top 8 Coisas Que Me Irritam

Vou falar o que me enche o saco.
Texto informal, quase que cuspido no chão enquanto discuto o sentido da vida entre uma cerveja e outra. Falamos disso e daquilo, coisas que não entendemos absolutamente nada. Mas quem liga?
Deve-se ter propriedade para dizer algo: “cultura pra cuspir na estrutura”. Entretanto, não se pode comer a bíblia a todo momento. Deixe-me limpar os dentes, torná-los livres de tanto peso.
Dada à premissa para que a autocrítica não me enforque sob o peso da necessidade de sermos corretos e profundos a todo momento, prossigo meu texto.
Coisas que me enchem o saco:

1 – Gente irônica.
Ninguém merece. Do alto dos lábios, eles encarnam tantos panos de fundo, cada um mais ardiloso que outro, escamoteando a fala, a ponto de o diálogo ser puro embate linguístico, pletora verborrágica, desnecessária, pura faxada de uma ingenuidade pomposa: simples, curtas e breves são as opiniões maquiladas.
A ironia parece mais uma espuma que escorre nos caninos de um cão raivoso. Deixa de ser recurso linguístico, torna-se lúdica, frívola, colérica. Apenas um joguinho de raciocínio, onde o sorriso do canto da boca… É satisfação.
Do quê?
Não sei, talvez superioridade?
Talvez. Às vezes penso que o indivíduo sarcástico tem uma imensa dificuldade em exprimir o óbvio.
Talvez esconda a si mesmo. Tanta máscara tem alguma utilidade, não é possível.
— Cortou o cabelo!?
— Não. Levei ele pra passear.
O que diabos nos custa responder: sim, cortei! Gostou?
Qual a necessidade de brincar com as palavras, usá-las como rédeas, apossando-se da simplicidade da pergunta?
Ou então os irônicos sentem um profundo tédio deste marasmo que é a conversa curta.
— Cortou o cabelo?!
(Em pensamento):
– Claro que sim, meu Deus do céu. Você não pode ao menos tentar ser um pouco mais interessante? OBVIAMENTE cortei. Só falta perguntar se hoje chove.
Bom, isto serve de desculpa. Mas não há nada mais lindo e fulgural do que um radiante sorriso:
— Cortei! Ficou lindo, não?

2 — Curtos e plurais amores.

Já entendi o lance deste século, o tal do amor líquido e a possibilidade de confrontar a rigidez monogâmica.
Não estou criticando o poli-amor, mas os diversos rolos que nos envolvemos. Curtos e plurais amores em minha vida. Debandar de corpos e beijos, casos e mais casos.
Qual o problema em me guardar para alguém especial?
Não me refiro ao famigerado príncipe encantado. Me refiro às pessoas realmente legais que existem no mundo. Pessoas que te entendem, que têm papos parecidos com os seus. Pessoas que têm ímpetos e fogos semelhantes.
Estas pessoas realmente valem a pena, entende?
E existem de forma dialética: idéia da perfeição + é o que tem = ele/ela.
Uma vida compartilhada desta forma me encanta, pois ela emerge da convivência. A vida emerge dos conflitos, dos sorrisos e das histórias.
Eu quero ter uma vida nascente, também.
Comparar esta forma de amor faz com que os curtos e plurais amores não sejam mais do que passatempos.
O coração tem razões que a própria razão desconhece, mas a razão pode se adiantar, e de hoje em diante, muito bem seleciono o que me vale a pena ou não.

3 — Gente que sorri enquanto fala.

Pelo amor de Deus, poesia agora não, cara. Sério. Apenas diga o que deve ser dito, e não me venha com este ar audacioso, misterioso, amplo, artístico.
O sorriso exerce coerção. E esta imposição de flores me mata como se eu estivesse em um Estado totalitário. Sinto-me constrangido, coibido a expor os dentes.
O que é isto? A inspeção estética? Estética militar?
A fala e o sorriso, armados em minha direção, compõem a mira de uma sniper: não há onde correr, olhar ou fugir.
O maldito sorriso e a maldita poesia continuam ali, forçando-me a espaçar meus lábios.
Socorro!

4 – Andar em direção à alguém conhecido e não saber onde enfiar os olhos enquanto se aproxima da pessoa.

Desculpe, não havia como resumir a sensação. É isso, meu povo. Aposto que este problema é um problema universal, não havendo um que não tenha vivido a vergonhosa situação: Einstein? John Lennon? Raul Seixas? Emma Goldman? Marx?
Pois é, pois é. E pior: não há solução.
Que o mundo acabe anarquista, neoliberal ou socialista. Continuaremos ridículos nesta situação.
Acho que até Nietzsche riria disso.

5 — Encontrar alguém conhecido enquanto andam na mesma direção e ter de iniciar um diálogo para não ser grosso, mas desconcertar-se porque o maldito caminho que percorrem parece não ter fim.

— Eu viro aqui!
— Ah, ok. Tchau!
Grande mentira. Na realidade, farei um contorno que suará meus ossos, cansará minhas pernas e me fará desejar um teletransporte urgentemente.
Aliás, por que nunca inventaram esta porcaria?

6 — Gente que comenta sobre a hipocrisia mas é hipócrita.

Devo emendar este item com o próximo:

7 – Gente que não entende que todos nós somos um pouco hipócritas.

Vamos lá: eu sou invejoso, já fiz fofoca, menti, traí, fugi de problema e falei mal pelas costas.
Dito isto, me responda: quem nunca?
Por mais eticamente ascético que seja você, ao menos um destes pecados já foi cometido por Vossa Santíssima Puríssima Pessoa Iluminada do Facebook.
E mesmo que não tenha expressado a maldade, ela já passou por suas mãos, olhos e vontades.
Qualé, ninguém sai impune nesta vida.

8 – Gente que termina listas pela metade.

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