sábado, 14 de fevereiro de 2015

Tédio e o Século XXI

Rodo em círculos, masco 32 vezes minha língua e busco formar frases com dez sílabas. Pé direito, pé esquerdo, pé esquerdo, pé direito; e agora, pé esquerdo, pé direito, pé direito, pé esquerdo. Coço mais quatro vezes meu nariz.
Fodeu, agora abro e fecho a geladeira, num desespero que só se equivale a abrir e fechar a dispensa. Não há comida, bolacha ou o caralho a quatro. 
Bato a cabeça na parede, e dentro de instantes, já estou na insanidade deste século. Faço parte da juventude da vodka, dos curtos e plurais amores. Abocanho um pouco do ar sem a menor intenção de pensar em respirá-lo vagarosamente. Eu quero mais, mais e mais.
NÃO QUERO, ME SOLTA, ME LARGA!
Olho em volta, e por fora de meus olhos inchados: onde estão as malditas câmeras? Sei já que meu corpo, um imenso pinto ambulante, é coagido em busca do gozo, gozo e mais gozo. Me estimulam, eu vômito, e depois engulo novamente.
ME PRENDE, ME APERTA, ME SEGURA!
Que eu cairia, se houvesse poço fundo.
Se eu cair, será no chão, e longe de qualquer honraria. Somente o poder da grana varrerá menos um.

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